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O SOCIÓLOGO LUIZ ANTONIO DE CARVALHO FRANCO

Faleceu no dia 12/11/2019, o nosso querido amigo Luizão. Sociólogo, escritor e pesquisador na área de educação, publicou os livros: "A escola do trabalho e o trabalho da escola; Problemas de Educação Escolar; Breve Histórico da formação profissional no Brasil" entre outros. 
Era um cara divertido e não perdia uma boa piada, mesmo nos piores momentos. Lembro-me uma vez em que lhe dei uma carona, depois de uma notável bebedeira. Eu perguntava o seu endereço e ele respondia: Rua Max Weber. Quando perguntamos para um transeunte se conhecia a tal rua, ele se lembrou que falou nome do autor que estava lendo e rimos muito.
Luizão teve paralisia infantil, que afetou a sua mobilidade por toda a vida. Mesmo assim circulava por todos os lados com todas as dificuldades. Era um estudioso e quase um nerd e todos os seus livros eram cuidadosamente analisados com anotações nas páginas.
Quando era presidente do Diretório Acadêmico da FFCLFSA, muitas vezes dormia no sofá, pois muitas vezes as comemorações acabavam tarde e ele morava longe da Faculdade. 
Quando se desfez de sua imensa biblioteca por problemas de espaço, escrevi uma crônica sobre isso que está publicada em meu livro "Encontro das Águas". O seu apartamento era pequeno e não dava para acomodar tantos livros e a saída era vender para algum sebo. O valor era mais simbólico, pois não chegou nem perto do custo das brochuras, muitas delas presenteadas pelo livreiro Mário que sempre lhe reservava as novidades das editoras.
A última vez que nos vimos foi num jantar em seu apartamento e saboreamos uma deliciosa massa que ele mesmo preparou para nós, harmonizada com um bom Cabernet Sauvignon. Nesta noite, revisitamos velhas lembranças, velhos amigos, os que ficaram, os que partiram e prometemos um novo encontro, desta vez em nossa casa. Infelizmente a vida corrida, bem representada pela canção do Paulinho da Viola, Sinal fechado, não permitiu.
Tivemos bons momentos juntos. Aventuras e discussões de virar a mesa, mas sem ressentimentos. A Celinha era para ele mais do que uma amiga, a sua irmã caçula.
A sua companheira Célia só encontrou o nosso telefone ontem para nos avisar. Uma pena. Evoé Luizão. Estaremos todos guardando em nossas retinas fatigadas a sua memória, a de um intelectual ligado ao seu tempo e a sua história.

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