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Mostrando postagens de fevereiro 20, 2009

ABILIO MACEDO, O CONTADOR DE CAUSOS

Um dos personagens que povoou a minha infância era um alagoano chamado Abílio Macedo. Era nosso vizinho, mas não muito próximo. Entretanto, quase que semanalmente, ele passava em casa para uma boa conversa com meu pai. Era naqueles tempos em que a televisão ainda não havia usurpado os serões da família brasileira. As visitas eram constantes e as conversas fluíam do cotidiano, como problemas de saúde, de trabalho, política e o melhor de tudo, relatos dos velhos tempos, onde a memória tem um papel fundamental. A memória ia construindo ou reconstruindo fatos, histórias, verdadeiras ou quase verdadeiras. Hoje sei que o narrador sempre acrescenta algo seu, suas impressões pessoais sobre o que conta. Lembro-me que às vezes, sentado no chão, fazendo de conta que brincava com um carrinho ou qualquer coisa, ficava atento àquelas histórias dos tempos antigos. Aí que entrava a memória do seu Abílio. Ela falava dos tempos do cangaceiro Lampião, personagem temível do nordeste brasileiro. Meu pai in

ERASMÃO E O SEU FILHO PIRAHY

Escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore são os passos necessários para se tornar um homem de verdade, diz o velho aforismo. Poucos são aqueles que podem cumprir todas essas tarefas. Para quem mora em apartamento plantar uma árvore deve ser um desafio maior do que escrever um livro. Ser pai, salvo em casos de problemas de natureza biológica, parece ser o mais fácil de todos. Mesmo assim a adoção pode resolver o problema, pois o que importa é ter um filho, criá-lo, educá-lo, mesmo que tenha sido gerado por outro. Agora escrever um livro, não é coisa para qualquer um. É preciso ter inspiração e sobretudo muita transpiração, principalmente se o sujeito resolver criar uma obra de ficção, com personagens coerentes e verossímeis. Começo essa conversa fiada para falar do nosso velho amigo Luiz Carlos Erasmo da Silva. O Erasmo foi uma alcunha que recebeu nos tempos da Jovem Guarda pela sua semelhança com o músico Erasmo Carlos companheiro inseparável do Roberto Carlos. O apelido

LÁZARO GARCIA, UM PADRINHO DOS VELHOS TEMPOS

Antigamente ter um padrinho era coisa séria, tanto para as crianças, como para os padrinhos. Os compadres eram escolhidos a dedo. Precisavam ser pessoas de confiança e que fossem verdadeiros amigos, pois pela tradição, na ausência dos pais, o padrinho teria a responsabilidade pela formação do afilhado. A relação de compadrio foi uma instituição bastante importante no Brasil, principalmente na zona rural, onde ainda hoje tem alguma relevância. Antonio Cândido em seu estudo sobre os caipiras paulistas, Os parceiros do Rio Bonito, lembra que ao afilhado cabe respeitar o padrinho de modo especial e pedir-lhe a bênção sempre que for encontrado como a um pai. Deve ainda comunicar-lhe o seu noivado, como que pedindo uma autorização paterna. Dessa forma o padrinho sempre exercia uma especial influência sobre os afilhados, e em muitos casos, se sobrepunha a dos próprios pais. Numa conversa que tive com um africano do Senegal, da tribo dos Pels, Mamour Elimani Ba, ele contou-me que é um costume