Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2010

SAULO DE TARSO: O MAIOR DO BRASIL

Ele nasceu em Minas Gerais, de família grande e musical. Quase todos tocavam algum instrumento. Avós, tias, tios e ele não poderia fugir à regra. Aos nove anos já tocava cavaquinho e depois, para abraçar o violão, foi só uma questão de tempo. Mas Minas, apesar das montanhas, da couve refogada, do tutu e do torresminho, não dava mais. “Minas já não há”, disse num poema o poeta de Itabira. E por isso, a família Azevedo, de mala e cuia, não viu outra saída e, como bons mineiros, não perderam o trem. Malas de couro forradas, a mãe até a porta, os amigos até a estação e assim a família foi deixando um rastro de saudade, de lembranças, histórias e canções. Com apenas quatro anos, ele caminhou com as suas próprias pernas pela estrada poeirenta até chegar à estação de trem. A mãe contava, de cinco em cinco minutos, se todos os cinco filhos estavam lá. E foi uma viagem longa, a maior que eles já tinham feito na vida. São Paulo era um mundo novo, cheio de esperanças e oportunidades. Mas

COPA DO MUNDO

Era ainda criança e não entendia bulhufas de futebol, mas sabia que o Brasil estava enfrentando os seus mais ferozes inimigos. Meu pai bradava e esmurrava o radio que ficava sobre um aparador fixado na parede. Seu rosto ficava vermelho e tenso e dava a impressão de que teria um surto a qualquer momento. Enfim, terminada a partida, ele se sentiu aliviado e ria como uma criança que ganha um novo brinquedo. Era um dia bonito e ensolarado de inverno e todos os vizinhos saíram para a rua para comemorar. Alguns soltaram fogos e o compadre do papai, seu Luiz Marson , havia feito um belo balão verde e amarelo para soltá-lo depois da vitória na final. O balão subindo foi apoteótico. Todos vibraram e acompanharam o balão até que ele desaparecesse no céu azul. Meu pai contava histórias sobre a copa de 1950, quando o Brasil perdeu para o Uruguai na final, em pleno Maracanã . Lá em Lavínia , interior de São Paulo, meu tio Agripino atirou o rádio no meio do mato de tão furioso que ficou. Inf

O BAR DO XANDÓCA

O velho Thenório , com os seus cabelos brancos encaracolados e seu sorriso simpático, pitava o seu cigarro de palha e de vez em quando tomava um trago de cachaça à base de pitanga, que ele mesmo preparava. Sentado ao lado da lareira, observava o movimento dos cães e das pessoas que circulavam pela casa, quase sempre com visitas que vinham para ouvir os seus velhos causos ou ouvi-lo tocar violão e cantar as suas belas canções. “As canções são eternas. Depois que caem no domínio público, alcançam a eternidade. A mesma sorte não tem a literatura e tampouco a pintura. A pintura é efêmera como os bambus”, dizia para uma pequena platéia atenta e interessada em ouvir os seus comentários. Ao falar sobre pintura, uma mulher que o visitava e que estava olhando um pequeno quadro na parede, perguntou: “Onde o senhor conseguiu este quadro?”. Era uma pequena pintura a óleo de um velho amigo que há tempos não via e nem sabia se ainda vivo estava.