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Mostrando postagens de abril, 2008
Ao poeta do povo, Carlos Drummond de Andrade. Todos sabem que tu não eras do povo O povo, esse desconhecido... Era a tua poesia Mas as preocupações do povo Nunca foram os teus versos Porque tu sabes, como “poeta do povo” Que o povo não ama seus poetas Nem a poesia. Mas aqueles que o amaram (Que não eram do povo) Não se conformaram Com a morte do poeta E foram para as ruas do povo Declamar teus poemas Gritaram nos teatros, no rádio, na TV Que eras um poeta do povo. As crianças do povo Acredite, te amariam Mas os pais do povo Não tem olhos para a poesia. Mas minha filha ouve teus poemas E sorri quando leio o verso: “O vento brinca nos bigodes do construtor” E confessa ter entendido tudo Pois há poesia em tudo Até onde não há vestígios de poesia. Depois, cansada de ouvir versos Adormece nos ombros da poesia. Ela soube que o poeta morreu Ou melhor, adormeceu Para que o sempre o velasse Não chorou, por que as crianças não choram E os poetas não morrem
GERÂNIOS Meus olhos são janelas para o universo Por onde percebo minha humanidade Da minha janela vejo os gerânios florescerem De repente A cada primavera Meu universo são os gerânios coloridos Que espalham cores sob os raios de sol E pelo meu olhar percebo o universal das coisas O universal dos gerânios florescerem De repente Como a luz da manhã Como um encantamento Para meus sentidos Meus sentidos... São os gerânios coloridos A espalhar cores por onde minha vista alcança e Minha janela se abre Para o mundo Para o universo E eu não vejo nada além Do que os gerânios florescerem Meus olhos se prendem aos gerânios Mas eles partem com o fim da primavera Porém eles continuam em mim E aquém da janela que se abre: Eu vejo Pelos sentidos Gerânios na escuridão. 1/10/00 PAULICÉIA Salve Paulicéia Desvairada Percorro o trilho dos desvalidos As veias abertas e cansadas Dos seus heróis vencidos Salve Paulicéia insensata Dos becos estreitos e sombrios Com suas cores e vozes mulatas
O COTIDIANO A magia de um dia após o outro Encanta meus olhos E saboreio com o olhar de tudo A simplicidade do vai e vem Do sol e da lua Do claro e do escuro Da pele sedosa Das rugas que teimam Em pintar o tempo nas coisas. ERRO Errar é como atropelar O espaço O tempo Os pensamentos Que insistem em atravessar A contra mão do tempo Errar é atravessar Distraidamente As palavras dispersas. DÚVIDA Um texto Textura Um doce Rapadura Um beijo Desejo Mas é contra mão! Estou perdido Na contra direção Chega o inverno Que deita cobertores Em minha alma E eu? Não sou mais Do que uma criança A comer rapaduras Atrás da porta Que porta? Aquela do jardim Atrás da casa Qual casa? Qual tempo? LEMBRETE Não se esqueça de nada Das roupas Dos livros Dos recados Das pequenas coisas Dos detalhes Mais ínfimos Mais íntimos São eles que dão sentido Ao nosso cotidiano Aos dias Aos anos De nossa breve Mas infinita Vida. A MORTE Como é frio e solitário O nosso último ato É de solidão completa Nenhuma companhia Fec