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Mostrando postagens de junho 30, 2009

NATALINA, UMA DOMÉSTICA DE CULTURA

O pedreiro passou lá em casa e deixou uma pequena obra e muita sujeira. A limpeza seria árdua se não fossem os esforços da Natalina, uma empregada que passou uns tempos lá em casa. Mas no início da faxina minha mulher antecipou que seria muito difícil e eu disse que seria necessário esfregar exaustivamente para conseguir algum resultado. Algum tempo depois ouvi a Natalina dizer: “Já esfreguei exaustivamente e não consegui nenhum resultado”. Primeiramente pensei que ela tivesse gostado da palavra e a havia incorporado ao seu repertório pela sonoridade do vocábulo, mas logo depois percebi que não era bem isso. Tempos depois, sentado no sofá lendo meu jornal num dia de folga, enquanto a Natalina fazia a faxina na estante ouvi a máxima: “As vinhas da Ira é um livro muito interessante. É o livro que mais gosto do Steimbeck”. Olhei para os lados para me certificar de que fora mesmo a Natalina que havia pronunciado aquela frase. E era mesmo. “Você leu todo o Steimbeck?” Perguntei surpre

UM COMUNISTA

Lembro-me quando meu pai contou a um primo mais velho que estava preocupado com a possibilidade de eu ter me tornado um comunista. Não que ele soubesse exatamente o seria um comunista ou comunismo. Ele tinha uma idéia muito vaga sobre isso com base nos discursos da direita conservadora. Era frequente nos meios de comunicação, os militares falarem no perigo cripto-comunista que ameaçava a família brasileira. Ele era eleitor fiel do Ademar de Barros, um famoso político do “rouba, mas faz”, mais conhecido pelas denúncias de corrupção como negociatas, desvios de dinheiro público etc. A culpa toda do medo do meu pai foi de um livro sobre a União Soviética que um colega de trabalho emprestou-me para ler. O livro na verdade não fazia apologia da União Soviética, mas uma crítica ao comunismo. Era um documentário sobre o primeiro país comunista do mundo e comentava sobre alguns progressos, mas criticava a falta de liberdade, ausência de eleições livres etc. A pessoa que me emprestou o livro não