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Mostrando postagens de março 27, 2008
O ESTRANGEIRO Quando eram soberanos, ao alacufes eram chamados os “Homens”. Depois, os brancos os designaram com o nome com que eles designavam os brancos: os estrangeiros. Passaram a chamar-se entre si de “estrangeiros”. Em sua própria língua. Enfim, nos últimos tempos, eles se chamaram alacufes, a única palavra que ainda pronunciavam diante dos brancos, o que significa “dá, dá” – só eram designados pelo nome de sua mendicância. Primeiro, eles próprios, depois estrangeiros a si mesmos, enfim ausentes de si: a trilogia dos nomes reflete a exterminação (BAUDRILLARD, 1990:141 e 142) Os recentes episódios de deportação de brasileiros que tentavam desembarcar na Espanha merecem uma reflexão mais profunda da estrangeiridade. O problema não é recente na Europa e tampouco na Espanha. A diferença é que os barrados foram jovens mestrandos, de classe média, diferentes dos milhares que saem do Brasil a procura de novas oportunidades. O estrangeiro é bem vindo quando não ameaça o status-quo, não
FLAVIO VIEIRA DE SOUZA Encontrar o Prof. Flávio pelos corredores da faculdade era sempre surpreendente. Tinha sempre um repertório novo de anedotas que contava como se fosse um adolescente e soltando sonoras gargalhadas. Ria de modo a ouvir-se de longe, brincava com ele parodiando o poeta português Fernando Pessoa. Além das anedotas, gostava também de poesias e em uma oportunidade me parou no corredor para declamar um longo e pouco conhecido poema de Pessoa. A sua memória era prodigiosa lembrando e saboreando cada verso, cada palavra como se estivesse lendo. Era sempre o mestre de cerimônias dos eventos da instituição, encerrando os trabalhos com humor e graça, fazendo trocadilhos espirituosos e inteligentes ou mesmo transformando em anedotas algum fato recente. A última vez que nos vimos, estava muito pálido e já falava com dificuldade. Conversamos alguns minutos e percebi que as suas forças estavam se esvaindo, mas continuava irônico e brincalhão. “Só dói quando eu rio”, teria