Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março, 2010

O DIA DA POESIA, GARCIA LORCA E OS AMIGOS POETAS

O último dia 14 de março foi o dia da poesia e eu nem me lembrava da data. Mas confesso que não acho que a poesia precise de data; não porque a poesia não mereça, mas porque ela está acima das datas e não é necessário um dia para se ler poesia. Todos os dias são da poesia, pena que nem todos pensem assim. Um velho amigo sempre diz: “Esse mundo não tem mais poesia” e isso era o bastante para desmanchar o coração da mais renitente donzela. “As mulheres podem gostar de cartões de crédito, belos carros, roupas, jóias, mas são os poetas que tocam em suas almas”, repetia esse dom Juan incurável. Existiria poesia sem poetas? Eu acho que sim, pois a poesia está em todos os lugares e em todas as pessoas. Mas é preciso o olhar do poeta para decifrá-las, lapidá-las. É claro que existem os poemas brutos e os mais elaborados, mas são todos poesias. Há também aquela velha discussão de que letra de música não é poesia. Discussão estéril... Chico Buarque é um dos defensores desta tese, que cons

A PELE DE JAGUATIRICA

Era uma vez Um Czar naturalista Que caçava homens Quando lhe disseram que se caçavam Borboletas e passarinhos Achou uma barbaridade ( Drummond ) José Pereira era um hábil caçador e nos tempos em que no oeste paulista ainda havia matas virgens, ele se embrenhava por elas para caçar. Não usava armas de fogo, apenas um longo punhal, muito afiado. Era filho de escravos africanos e talvez tenha aprendido com seu pai a arte dos seus antepassados que assim caçavam leões nas savanas africanas. Todos que o conheciam adoravam sua elegância, simplicidade e simpatia. Tinha sempre em mãos balas e guloseimas para presentear as crianças. Sua casa, que ficava perto da estrada, era repleta de flores e um pequeno pomar, onde a molecada se deliciava nas épocas em que as frutas entravam em tempo de madureza . Ele não se incomodava e tinha prazer e ver sua casa repleta de crianças. Como era um caçador suas paredes ostentavam peles de animais esticadas. Quando criança, nunca cheguei a pensar naquilo c

JOHNNY ALF, UM RAPAZ DE BEM

Quando garoto pensava que o Johnny Alf fosse um pianista americano que tocava jazz aqui no Brasil. Depois vi que esse americanismo era fruto de uma época, do pós-guerra e da Guerra Fria, que alastrou a influência americana pelo continente. Pensava-se que para fazer sucesso era preciso ter um nome inglês. O português era, definitivamente, um idioma que não se encaixava muito bem no show-business da época. Alfredo José da Silva, carioca da Vila Izabel como Noel, não fugiu a regra. Negro, de origem muito humilde, órfão de pai, que morreu na Revolução de 1932 quando ele tinha três anos e com mãe empregada doméstica, escapou por pouco de destino que poderia ser o mesmo de milhões de jovens negros e pobres no Brasil. Teve a oportunidade de estudar piano erudito e isso mudou seu destino. Mas não foram apenas os clássicos que fizeram a sua cabeça. Também os grandes jazzistas como Gershwin e Cole Porter, através dos musicais americanos, tiveram influência notável em sua obra musical. Tocando