POR QUE SE DUVIDA DAS URNAS ELETRÔNICA?
Ao acompanhar as eleições para
presidente e congresso dos EUA com o seu complexo sistema de votação e de
apuração, dá um sabor de superioridade do nosso sistema em que no mesmo dia da
votação, os vencedores são proclamados e os adversários vencidos aceitam a
derrota.
Uma das razões pelas quais eu
acredito em nosso sistema é porque o Bolsonaro não acredita. Se ele e seus
seguidores não acreditam em algo, deve ser bom porque a inteligência desse
pessoal tem sérios problemas de processamento. Outra razão muito forte é que acredito na
ciência e nos recursos tecnológicos. Uma lógica muito simples, é que os
resultados das pesquisas são confirmados dentro da margem de erro, pelas urnas.
Como em geral as urnas confirmam as tendências observadas pelas pesquisas,
alguns desses negacionistas chegam a afirmar que há uma combinação entre os
institutos de pesquisa e as urnas eletrônicas, coisa só cabível em mentes ignaras,
pois seria necessário combinar também com todos os eleitores.
As mentes negacionistas não
acreditam em pesquisas, pois as pesquisas utilizam técnicas estatísticas há
muito tempo ratificadas pela ciência e elas são constantemente validadas pelas
mais sérias instituições científicas de todo o mundo. Sempre vai aparecer alguém
dizendo que que nunca foi pesquisado ou pesquisada e em razão disso consideram
as pesquisas mentirosas e manipuladas. Nunca
ter sido entrevistado numa pesquisa é normal, pois num universo de milhões de
eleitores, a amostra é em geral de 5000 indivíduos. Em amostragem estatística a
partir de certo número, os resultados não se alteram de forma significativa,
com um número maior de entrevistas, por isso a margem de erro em torno de 4 e
5%.
As margens de erro nas pesquisas
indicam que podem ocorrer variações para mais ou para menos dependendo de
vários fatores como erro dos entrevistadores, informações falsas dos
entrevistados etc. Entretanto, quando um candidato se apresenta em todas as
pesquisas ao longo do tempo com vantagem, a margem de erro pode ser descartada
e ele de fato está liderando numericamente as intenções de voto.
Uma jornalista da Globo News,
correspondente nos EUA, comentou nesse fim de semana que segundo a imprensa
local, as pesquisas americanas não acertam porque os eleitores republicanos
mentem quando são entrevistados. Pura bobagem, pois dificilmente haveria esse
tipo de combinação de forma tão ampla. As falhas podem estar relacionadas à
estratificação da amostra (sexo, estado civil, idade, escolaridade) e outras
variáveis.
Como negam a ciência e a
estatística está relacionada ao conhecimento científico, defendem a volta do
voto no papel como se fosse a forma mais precisa do mundo, apesar do seu
anacronismo. Essa história do voto em cédulas me lembra um caso narrado por um
primo do Mato Grosso sobre as eleições de 1974.
A pedido de um líder político local, ele pilotou o avião da família para
levar as urnas de Cáceres para Cuiabá onde seriam apuradas. Ele contou que ao
sobrevoar o Pantanal, testemunhou várias urnas sendo jogadas do avião. Com
certeza ele não denunciou e como já faleceu e isso ocorreu há muito tempo, não
corro o risco de vê-lo envolvido nessa fraude como testemunha.
Enfim, o descrédito em relação às
urnas eletrônicas tem vínculo com o negacionismo científico e a inovação.
Parte de pessoas que provavelmente não acreditam que a Terra seja redonda e
que o Sol gira em torno dela, que os astronautas americanos nunca chegaram à
Lua, que as vacinas não funcionam e outros absurdos. Como o presidente acredita que houve fraude
nas eleições que o elegeram por causa das urnas eletrônicas, seria uma boa
notícia se ele realmente tivesse razão, pois talvez os resultados poderiam ser
outros.
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