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Mostrando postagens de setembro, 2011

A DESPEDIDA

A primavera havia chegado há poucos dias, mas a garoa fina e o frio continuavam. A festa estava mais para um bom vinho, mas quem é que poderia prever esse tempo maluco de uma região subtropical de transição. Mas a cerveja era das boas, o espetinho estava caprichado e o pernil estava exuberante. Mas boa mesmo era a conversa, conversa de uma juventude bela e sorridente, conversas de velhos resgatando o passado e lembrando que também não tem muito futuro. A vida é assim mesmo.   Numa roda de homens com os cabelos grisalhos e brancos, um deles falou em alto e bom tom: “De repente a gente descobre que está velho! É assim mesmo, um dia você acorda e sente que as pernas não funcionam tão bem como antes, além de outras coisas. Ontem, incomodado às 7h por um barulho que não me deixava dormir, levantei furioso para xingar os operários que estavam martelando do lado do meu quarto, no terreno vizinho. Coloquei a escada para dar uma bronca, a escada escorregou e desabei. Fiquei estendido no ch

O VELHO ADONIRAM

Adoniram Barbosa ou o João Rubinato nasceu em 1910, na cidade de Valinhos, interior do de São Paulo e mudou-se para Santo André no ABC paulista em 1924, onde passou alguns anos trabalhando como operário e biscateiro antes de ir para o bairro do Bexiga que o revelou para o país e talvez para o mundo. Estaria com cem anos se vivo ainda estivesse. Ainda bem, pois já imaginaram a aporrinhação em cima do sambista? Entrevistas para a televisão, rádio, jornais, revistas e curiosos. O genial velhinho ficaria de saco-cheio e provavelmente todo esse assédio não lhe renderia nenhum trocado para aliviar o seu orçamento. Por isso ele desabafou certa vez quando lhe perguntaram como se sentia sendo tão homenageado: “Homenagem não paga as contas”. E por falar em homenagens, são várias que estão pipocando por aí para lembrar o maior sambista paulista, que com a sua irreverência, resolveu desmentir o Vinicius de Moraes que teria dito que São Paulo era o túmulo do samba. Com o samba Trem das Onze,

A PRIMEIRA TELEVISÃO

A primeira televisão a gente nunca esquece, não é mesmo? É evidente que eu me refiro àquelas pessoas com mais de cinqüenta anos que viram o aparelhinho entrar pela primeira vez em casa. Meus pais resistiram muito em comprar uma TV por acharem que o rádio já estava ótimo. Além disso, os aparelhos da época ficavam mais nas oficinas de conserto do que na sala de visitas. Isso era visível quando o carro da Eletrônica Kodama parava em nossa rua para levar ou trazer aparelhos com problemas. O japonês era o melhor técnico da praça, pois consertava tão bem os aparelhos que ficavam funcionando até três meses, o que era um recorde. Naqueles tempos ter uma televisão significava ter mais um filho para sustentar. Uma senhora que morava em frente à nossa casa comprou a primeira TV da rua e como tínhamos uma intimidade maior com ela, eu e meu irmão mais novo íamos lá assistir o Zorro, A turma do Sete e até o Alô Doçura, com o John Herbert e a Eva Wilma. Programão! E foi por causa da telev