Da minha janela avisto em uma rua paralela os seus exuberantes ipês amarelos que impõem um colorido especial para a paisagem do bairro. Lembro-me ainda da professora do primário explicando que as flores são folhas modificadas e o ipê altera todas as suas folhas, transformando-as em um amarelo vivo que chega a arder os olhos de tão intenso. O Ipê amarelo ou Tabebuia chrysotricha, é nativo da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira e é cultivado em todo o país pela sua beleza singular, mesmo que efêmera. Sem dúvida ele é privilegiado pela natureza e se transformou na árvore símbolo do Brasil. Mas é um privilégio que dura pouco tempo e as árvores estarão sem flores e sem folhas até o final do inverno, hibernando como um esqueleto sem vida para de novo desabrochar no verão com a verdura de suas folhas. Há tempos invejo os vizinhos que tem o privilégio de recolher diariamente, durante o inverno, o lençol de flores amarelas que se espalham pela calçada. Para tentar não morrer de inveja,