Pediram-me versos! Eu me pergunto: Para que versos? Estamos num tempo sem alma Os homens estão sem memória Ninguém mais consegue Ver o deslumbramento De um amanhecer Caminhamos para um tempo Sem sorrisos Sem mãos que afagam Sem vozes que cantam Sem desejos Sem esperanças Para que versos meu Deus! Ele não responde Ninguém responde Grito no escuro Sem ecos Sem vozes A cidade está vazia Mas os passos apressados Continuam sua longa marcha Todos fogem Mas ninguém sabe para onde Haverá amanhã? Um ano que vem? Um futuro? A vida escapa das nossas mãos frágeis Não entendemos nada Não vemos nada Falamos para ninguém Enquanto isso Os pássaros conversam Na linguagem possível.