MANHATTAN REVISITADA A broca do dentista doía fundo, parecendo que fustigava a minha alma. Enquanto o dentista cutucava minhas caries, dava uma espiadela na televisão ligada. De repente, aparece um avião se aproximando das torres do World Trade Center. Vai bater, vai bater... O avião se choca contra uma das torres que começa a cair como um castelo de cartas. Segurei a mão do dentista para ver melhor o triste espetáculo. Não era ficção ou efeito especial de um filme. Era uma triste realidade. Um avião, seqüestrado por terroristas do Al Qaeda atingiu um dos principais símbolos do império norte-americano. Milhares de mortos. Eram pessoas que estavam ali para trabalhar, fazer negócios, reuniões e de repente encontraram uma morte inexplicável. Neste momento lembrei-me de um velho poema do Drummond, Elegia 1938, que termina com o verso: “Porque não podes, sozinho, dinamitar a Ilha de Manhattan”. Será que os extremistas do Al Qaeda leram o poema? Ou será que é um desejo inconsciente