Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2009

BEBEDOS E BEBEDEIRAS

Beber, como dizia o grande cronista da noite carioca, Antonio Maria, é sempre um mistério, uma sabedoria, que nos leva aos copos e ao estado de graça. Não faço aqui a apologia da bebida, mas existem momentos em que ela é absolutamente necessária e caso se consiga aprecia-la moderadamente, pode ser um santo remédio para as dores da alma. Algumas bebedeiras são motivos de grandes arrependimentos pelas bobagens que se faz, pelas palavras mal pronunciadas que ofende pessoas, destrói amizades ou grandes amores. Outras são motivos de grandes gargalhadas, mesmo depois de passados muitos anos. Algumas são motivos de orgulho, principalmente pelo bêbedo ter falado, num discurso improvisado, alguma coisa que todos gostariam de dizer, mas sempre faltou a coragem que a bebida, às vezes dá, desde que a mente ainda esteja suficientemente lúcida. Algumas bebedeiras são ontológicas e poderiam ser premiadas pela academia nacional da bebedeira (ANB) pela contribuição sociológica, política, filosófica ou

PARA QUE VERSOS?

Pediram-me versos! Eu me pergunto: Para que versos? Estamos num tempo sem alma Os homens estão sem memória Ninguém mais consegue Ver o deslumbramento De um amanhecer Caminhamos para um tempo Sem sorrisos Sem mãos que afagam Sem vozes que cantam Sem desejos Sem esperanças Para que versos meu Deus! Ele não responde Ninguém responde Grito no escuro Sem ecos Sem vozes A cidade está vazia Mas os passos apressados Continuam sua longa marcha Todos fogem Mas ninguém sabe para onde Haverá amanhã? Um ano que vem? Um futuro? A vida escapa das nossas mãos frágeis Não entendemos nada Não vemos nada Falamos para ninguém Enquanto isso Os pássaros conversam Na linguagem possível.

OS LIVROS

Um velho amigo, dos tempos de faculdade, contou-me desconsolado que vendera seus livros a um sebo por uma merreca. Fiquei espantado com o inusitado do fato e toparia até comprá-los, caso me oferecesse a relíquia. Mas era tarde demais e só me restou, como consolo, ouví-lo contar sobre a triste separação. Depois de contemplar seus livros durante horas, lembrando os bons momentos em que estiveram juntos debatendo idéias, criticando e anotando. Alguns deles até lembrou-se do momento da compra, outros foram apropriados, sorrateiramente, nos tempos de estudante, outros presenteados por amigos e parentes. Tudo parecia distante e frio, pois já não sentia mais aquele amor devotado aos livros que aprendera a cultivar durante longos anos. Quantas vezes perdeu a paciência com pessoas mal educadas que dobravam as páginas dos livros ou rasgavam as páginas ou as capas! Mas já tinha tomado a decisão de vendê-los e ninguém, nada, iria demovê-lo. O primeiro comprador ofereceu um preço apenas razoável, m