Catete Estrada da Gávea Revendo um velho álbum de retratos da família, encontrei uma foto desgastada pelo tempo do meu tio Elisiário Ladeia no longínquo ano de 1929. Era mês de julho e ele posava numa fotografia para enviar de lembranças para a família que residia em Araçatuba, São Paulo. Com sua letra miúda e caprichada, ele escreveu: “Para o meu bom pai, uma lembrança do seu filho na Avenida Atlântica, capital da República”. Ele trabalhava como guarda-livros em um banco e morava na residência de um médico parente de minha avó. Guarda-livros era o nome que se dava para os contadores antigamente. Quando se contava a história lá em casa eu ficava imaginando que ele passava os dias tomando conta de livros, um bibliotecário. E lá estava meu tio em branco e preto curtindo as praias cariocas enquanto o crack da bolsa de Nova Iorque liquidava com grandes fortunas. Milioná