Pelo que eu me lembro, tinha vivido uns oito ou nove anos, mas foi um natal que continua colado em minha memória, como se fosse o único. Estávamos em dificuldades, principalmente porque meu pai resolveu ampliar a casa e desembocamos no Natal num canteiro de obras; o piso de terra e poeira por todos os lados. O pedreiro contratado e pago antecipadamente desapareceu, sem dar notícias. Nem móveis havia mais, pois parte deles ficou em outra casa. Papai, ajudado por mamãe tratou de montar uma mesa improvisada com uns cavaletes e tábuas da obra. Os bancos em volta da mesa eram tábuas sobre pilhas de tijolos e por isso era preciso muito cuidado para que não caíssem. Mamãe colocou um velho lençol branco sobre a enorme mesa e começou a colocar as iguarias de Natal. Era uma mesa simples, mas farta. Neste dia meu pai chamara um senhor que morava próximo para ajudá-lo, pois até no dia de Natal ele trabalhara duro para colocar a casa em ordem, pois estava sem recursos para pagar um profissional. Es