Conheci o velho Constantino há mais de vinte anos. Foi-me apresentado pelo seu filho numa festa de aniversário de um dos seus netos. Era um homem esguio, de porte elegante e muito alegre. Era um ítalo-caipira, com o seu jeito sorrateiro de observar as pessoas e sugeria, ainda que não fosse fumante, estar sempre picando um fumo de corda e enrolando numa palha sem fim. Rapidamente, como se fossemos velhos amigos deu-se a me contar causos. Alguns um tanto escabrosos, como o do bando de assombrações que vivia a infernizar a vida do povo de Butiá, um vilarejo de Descalvado no interior do Estado de São Paulo, onde nasceu e morou. Contou-me a história com um sorriso maroto nos lábios, saboreando cada palavra, cada passagem, como quem come um cuscuz bem feito. “Rapaz eu nunca tive medo de assombração, mas daquela vez me arrepiei todo. Os companheiros saíram em disparada largando sanfona, violão e até as botinas pela estrada. Eu fiquei firme, segurando minha flauta. Eu não corro de vivo, vou c