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Mostrando postagens de fevereiro, 2008
PAI REVISITADO Sinto saudade Dos bons e maus momentos Que vivemos juntos De quando ele era um herói Daqueles invencíveis! De quando não era nada Apenas um velho fraco Sem esperanças Sem futuro Sinto saudade Daquilo que ele foi E daquilo que não foi Daquilo que queria ser E daquilo que pensava ser Sinto saudade Das mãos ásperas Da barba por fazer De sua força E de suas fraquezas Sinto saudade Do que poderia ter sido E do que não foi Daquilo que pensei que era E daquilo que pensei que não era Sinto saudade De suas mãos seguras Desafiando o tempo Os perigos As incertezas Sinto saudade E sinto dor A dor da ausência A dor que se finge ter Mas que ainda sinto Não a dor que sufoca Mas a dor que enternece Que molha os olhos Que umedece a alma MINHA CASA A minha casa É onde eu passo as noites Noites de sono De insônia Em cada parede Em cada tijolo Em cada madeira Uma história Uma poesia Concreta
Oscar Niemeyer Traça suas linhas curvas Na linha do horizonte Buscando no finito As linhas do tempo Que traçam curvas sinuosas E perigosas. Mas o arquiteto Que também é poeta Traça com palavras Com traços Com espaços Esparsos O concreto da sintaxe Na pedra. O tempo é inexorável A vida luta contra ele Mas em vão... O tempo infinito E a vida tênue Mas o arquiteto desliza Nas curvas que cria Desafiando o espaço E o tempo. O arquiteto Arrasta-se em seu corpo Traçando as suas linhas Na curva sonolenta Do tempo Perseguindo o horizonte Sempre um plano Uma reta inacabada.

São Paulo em prosa e verso

São Paulo em prosa e verso São Paulo tem seus encantos. Muitos podem não concordar, mas é uma cidade sedutora em suas contradições arquitetônicas, sociais e culturais. Pode-se comer um bom prato árabe, uma magnífica macarronada ou inconfundíveis pizzas. Já ouvi de italianos que as melhores pizzas do mundo são feitas em São Paulo. Haveria motivo maior para nos orgulharmos desta cidade imponente, aristocrática, miserável, paradoxal e global, tudo ao mesmo tempo? Mas não é uma cidade para iniciantes. É preciso, antes de mais nada, saber olhar a cidade nas suas “entrelinhas”, saborear a sua intimidade meio italiana, meio nordestina, meio africana e, sobretudo meio portuguesa, pois é a presença ibérica que predomina, que dá o seu tempero final no cadinho de culturas. Para ver São Paulo é preciso mais do que andar pelas suas ruas, praças, avenidas. Talvez seja preciso pegar um cinema, comer uma pizza com alguns copos de chopes bem tirados e sair perambulando, sem hora para chegar nem voltar.

São Paulo: ecoam passos na memória

São Paulo: ecoam passos na memória. Não nasci na cidade de São Paulo, mas é como se tivesse nascido. Vindo do interior com dois anos de idade e tenho a vaga impressão de que abri meus olhos pela primeira vez diante daquela imensidão de prédios. Ali é o Martinelli, meu filho! Olha que grande! Dizia meu pai orgulhoso de estar na maior cidade do Brasil. Atravessávamos o viaduto do Chá e víamos aquele vale imenso para meus olhos de menino. Tomávamos o bonde que cortava ruas arborizadas e naquela época ainda pouco movimentadas, onde homens e mulheres elegantes transitavam apressados. São Paulo não pode parar! Era o lema seguido por todos. A ideologia do movimento contínuo em busca do progresso. Os forasteiros também eram cooptados rapidamente e saiam freneticamente em busca do “ouro”. Italianos, portugueses, japoneses, mineiros, paranaenses, nordestinos de todos os matizes se transformavam rapidamente em paulistanos no ritmo de trabalho, no desejo de vencer, no jeito de andar, ao adotar um