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Mostrando postagens de fevereiro 3, 2025

O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO

Como se sabe, Jesus, tal como Sócrates, não deixou nada escrito e os Evangelhos que estão no Novo Testamento da Bíblia foram escritor posteriormente por: Mateus, Lucas, Marcos e João. Como existe um hiato da vida de Cristo dos doze aos trinta anos, o romancista e poeta português utiliza o romance para suprir essa lacuna. O romance considerado uma obra prima da literatura portuguesa, foi objeto de muitas críticas, principalmente, por parte da Igreja Católica, pois vários dogmas são colocados em xeque na obra. Mas como se trata de uma obra de ficção e em nenhum momento o tema é tratado com desrespeito, as críticas poderiam ser mais suaves. Saramago atua no romance como um narrador moderno a partir da observação de uma pintura e que se transporta para mais de dois mil anos, acompanhando Jesus desde a concepção até a sua morte. Apesar de ser um ateu confesso, o escritor mantém na narrativa alguns elementos sobrenaturais narrados na Bíblia, mas humaniza os pais de Jesus, colocando-os como...

A MÁQUINA DO TEMPO

Viajar para o futuro ou para o passado é um antigo sonho romântico da humanidade. O francês Júlio Verne, no século XIX, previa o futuro tecnológico com a Viagem ao Centro da Terra e Vinte Mil Léguas Submarinas. Sob sua influência, o inglês H G Wells publicou ainda no final do século XIX, a Máquina do tempo em que um cientista viaja a mais de 800 mil anos no futuro. Parece ser muito tempo, pois ninguém de bom senso acredita, pelo andar da carruagem ou das máquinas, que daqui a mil anos a raça humana ainda estará por aqui. Na ficção de HG Wells o viajante do tempo encontra seres humanos usando uma dieta vegetariana e com tamanho bem reduzido. Desconhecendo o fogo, vivem apavorados com seres subterrâneos carnívoros que os atacam a noite. Em 1931, o escritor inglês Aldous Huxley publica o Admirável Mundo Novo, uma distopia sobre o futuro bastante pessimista. O romance narra a história de um casal que tenta fugir do mundo novo, excessivamente mecânico e sem espaço para o amor e os afeto...

RUBENS PAIVA E VLADEMIR HERZOG

O filme Ainda estou aqui ajuda a reabrir outros casos obscuros que ocorreram durante a ditadura militar. Anos depois do Rubens Paiva, tivemos um caso com grande repercussão no Brasil e no exterior que talvez venha a merecer um filme. Vlademir Herzog foi um jornalista de origem judaica, cujos pais emigraram para o Brasil para fugirem do nazismo. Ele era diretor de jornalismo na Televisão Cultura, controlada pelo governo do estado. Na época o governador do estado era o banqueiro liberal Paulo Egydio Martins, indicado por Geisel. Paulo Egydio era amigo do empresário, dono da Metal Leve, José Mindlin, o então Secretário da Cultura do Estado, responsável pela nomeação de Herzog. Da mesma forma que Rubens Paiva, Herzog foi intimado a comparecer ao DOI COD, a polícia política do regime militar. Mas Herzog, submetido a torturas, faleceu nas dependências do Exército, na época comandado pelo General Ednardo D´Ávila Melo, um extremista de direita. Naquele momento vivíamos um momento de disten...

MANUAL DO MUNDO: UM CASO DE SUCESSO

O Manual do Mundo é um sucesso de criatividade e empreendedorismo. A criação do Iberê Thenório corre o Mundo ajudando os jovens e adultos a aprenderem sobre como as coisas são feitas e entenderem a origem de tudo. Ao acompanhar o sucesso do Iberê, não consigo esquecer o menino inteligente e curioso que conheci desde bebê nas visitas aos seus pais em Piedade, uma aprazível cidade no interior de São Paulo sob as sombras de velhas araucárias. Lá rolavam grandes papos e muita música. Por trás desse sucesso não poderia deixar de lembrar do velho Delcy Thenório, avô do Iberê, que conheci na Rhodia Têxtil em Santo André, quando lá trabalhei juntamente com seu filho Edélcio. Delcy era um cuidadoso burocrata, mas nas horas vagas, era um autodidata que conhecia tudo de botânica, mecânica e física, além de escrever versos bem rimados, abordando o cotidiano de pessoas simples e de forma bem-humorada. Em sua casa, várias vezes ouvíamos as leituras dos seus poemas, enquanto a saudosa Antonieta se...

DO AMOR E DO AMAR de Ana Marice Ladeia

Ana Marice Ladeia Depois da agradável leitura do livro de contos “Do amor e do amar”, fica a sensação de ter mergulhado na intimidade do cotidiano de diversas mulheres. Mulheres que amaram, que foram amadas e, também mal-amadas, mas sempre sob um olhar feminino. Como ela mesmo afirma na introdução, são histórias reais que ela ouviu e recontou sempre com imaginação, delicadeza e sem faltar a poesia, pois sem ela o amor não vibra, não toca as nossas almas. Pode-se dizer que é um livro escrito por uma médica, que escreve para se reencontrar consigo mesma, mas é também um resgate da mulher sertaneja e, ao mesmo tempo urbana, num ambiente ainda dominado pelas relações patriarcais em que ao homem tudo é permitido e à mulher sempre convém cuidar do lar e dos filhos. A autora escreve ou reescreve as histórias que ouviu, lapidando-as e como diria Walter Benjamim: “... imerge essa substância na vida do narrador para, em seguida, retirá-la dele próprio”. A narrativa revelará sempre a marca do n...