Publicado em 26 de June de 2019 por Renato Ladeia A poesia de Anna Clara De Vitto parece estar submersa, mas vem à tona em cada verso, arrebentando-se nas praias do inesperado e também do cotidiano. É uma viagem, por vezes, em pequenos poemas ou em outros mais longos. A praia e o Atlântico estão sempre presentes. Santos é o seu ponto de partida, a cidade onde nasceu e regressa numa relação quase uterina, profunda e repleta de incógnitas. Hoje na metrópole, a poeta resgata os sonhos e pesadelos com o mar em sua infinita grandeza e com todos os seus medos e dúvidas. Mas o mar está presente em improváveis castelos de areia e em insistentes murmúrios e ais. No mar de concreto ela constrói, como o ladrilhador de Walter Benjamin, novos significados para as palavras, para a dor e para o tempo. Poesia não é sentimento, não é lembrança, não é acontecimento, já foi dito por Rainer Maria Rilke em Cartas para um jovem poeta. Poesia é ficção, o poema não é confessionário ou divã d