Um dos personagens que povoou a minha infância era um alagoano chamado Abílio Macedo. Era nosso vizinho, mas não muito próximo. Entretanto, quase que semanalmente, ele passava em casa para uma boa conversa com meu pai. Era naqueles tempos em que a televisão ainda não havia usurpado os serões da família brasileira. As visitas eram constantes e as conversas fluíam do cotidiano, como problemas de saúde, de trabalho, política e o melhor de tudo, relatos dos velhos tempos, onde a memória tem um papel fundamental. A memória ia construindo ou reconstruindo fatos, histórias, verdadeiras ou quase verdadeiras. Hoje sei que o narrador sempre acrescenta algo seu, suas impressões pessoais sobre o que conta. Lembro-me que às vezes, sentado no chão, fazendo de conta que brincava com um carrinho ou qualquer coisa, ficava atento àquelas histórias dos tempos antigos. Aí que entrava a memória do seu Abílio. Ela falava dos tempos do cangaceiro Lampião, personagem temível do nordeste brasileiro. Meu pai in