O ESTRANGEIRO Quando eram soberanos, ao alacufes eram chamados os “Homens”. Depois, os brancos os designaram com o nome com que eles designavam os brancos: os estrangeiros. Passaram a chamar-se entre si de “estrangeiros”. Em sua própria língua. Enfim, nos últimos tempos, eles se chamaram alacufes, a única palavra que ainda pronunciavam diante dos brancos, o que significa “dá, dá” – só eram designados pelo nome de sua mendicância. Primeiro, eles próprios, depois estrangeiros a si mesmos, enfim ausentes de si: a trilogia dos nomes reflete a exterminação (BAUDRILLARD, 1990:141 e 142) Os recentes episódios de deportação de brasileiros que tentavam desembarcar na Espanha merecem uma reflexão mais profunda da estrangeiridade. O problema não é recente na Europa e tampouco na Espanha. A diferença é que os barrados foram jovens mestrandos, de classe média, diferentes dos milhares que saem do Brasil a procura de novas oportunidades. O estrangeiro é bem vindo quando não ameaça o status-quo, não