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Mostrando postagens de 2019

O SOCIÓLOGO LUIZ ANTONIO DE CARVALHO FRANCO

Faleceu no dia 12/11/2019, o nosso querido amigo Luizão. Sociólogo, escritor e pesquisador na área de educação, publicou os livros: "A escola do trabalho e o trabalho da escola; Problemas de Educação Escolar; Breve Histórico da formação profissional no Brasil" entre outros.  Era um cara divertido e não perdia uma boa piada, mesmo nos piores momentos. Lembro-me uma vez em que lhe dei uma carona, depois de uma notável bebedeira. Eu perguntava o seu endereço e ele respondia: Rua Max Weber. Quando perguntamos para um transeunte se conhecia a tal rua, ele se lembrou que falou nome do autor que estava lendo e rimos muito. Luizão teve paralisia infantil, que afetou a sua mobilidade por toda a vida. Mesmo assim circulava por todos os lados com todas as dificuldades. Era um estudioso e quase um nerd e todos os seus livros eram cuidadosamente analisados com anotações nas páginas. Quando era presidente do Diretório Acadêmico da FFCLFSA, muitas vezes dormia no sofá, pois muitas ve
É POSSÍVEL UM SOLOCASAMENTO? É realmente muito estranho, mas uma moça de Minas, chamada Jussara casou-se com ela mesma. Evidentemente não houve igreja ou o pai com seu melhor terno, levando-a para o altar, pois nenhuma igreja aceitaria tal cerimônia. Segundo consta, ela se casou ao ar livre, em meio aos passarinhos e borboletas num ambiente natural. Jussara, 38 anos, apaixonada por ela mesma e comprometendo-se a passar o resto dos seus dias em sua própria companhia, selou a união que será para sempre até que a morte as ou os separem. Alguém deve ter perguntado a ela: "Você Jussara concorda em receber como esposa ou como esposo o seu outro lado?" Ao dizer sim, selou-se o auto matrimônio ou solo casamento ou selfcasamento. A psicologia dirá que se trata de caso raro de egocentrismo e que a Jussara precisaria se tratar fazendo um bom número de sessões de análise para corrigir um desvio de personalidade. Os sociólogos dirão que se trata de uma ruptura com a convivênc
MEU PÉ DIREITO “Meu pé esquerdo” foi o título de um filme sobre o caso real de   Christy Brown, um humilde jovem   irlandês que nasceu com paralisia cerebral. Mesmo sendo tetraplégico, aos cinco anos, ele consegue controlar o pé esquerdo, usando giz para rabiscar palavras no chão. Ajudado pela mãe, torna-se pintor, poeta e autor. O filme me fez lembrar de um aluno que tive num curso de graduação. O nome dele é José e não tem os dois braços, que foram perdidos numa tentativa de resgatar uma pipa numa rede elétrica aos dez anos de idade ou menos. O choque foi tão violento que os dois braços do garoto ficaram necrosados, mesmo   depois de várias tentativas de recuperação. Enfim, não houve alternativa a não ser a amputação dos membros. Assim, José cresceu e continuou estudando de acordo com suas limitações, chegando ao curso de graduação em Administração. Ele colocava um caderno no chão e fazia suas anotações com o pé direito. Da mesma forma fazia as provas, recebendo duas cóp

ÁGUA INDÓCIL DE ANA CLARA DE VITTO

Publicado em 26 de June de 2019 por  Renato Ladeia A poesia de Anna Clara De Vitto parece estar submersa, mas vem à tona em cada verso, arrebentando-se nas praias do inesperado e também do cotidiano. É uma viagem, por vezes, em pequenos poemas ou em outros mais longos. A praia e o Atlântico estão sempre presentes. Santos é o seu ponto de partida, a cidade onde nasceu e regressa numa relação quase uterina, profunda e repleta de incógnitas. Hoje na metrópole, a poeta resgata os sonhos e pesadelos com o mar em sua infinita grandeza e com todos os seus medos e dúvidas.  Mas o mar está presente em improváveis castelos de areia e em insistentes murmúrios e ais. No mar de concreto ela constrói, como o ladrilhador de Walter Benjamin, novos significados para as palavras, para a dor e para o tempo. Poesia não é sentimento, não é lembrança, não é acontecimento, já foi dito por Rainer Maria Rilke em Cartas para um jovem poeta.  Poesia é ficção, o poema não é confessionário ou divã d
SEU CHICO, UM MESTRE DA MADEIRA Uma coluna de madeira da garagem, atacada por indesejáveis cupins, me fez pegar o telefone e ligar para o seu Chico, um velho carpinteiro-marceneiro que fez vários serviços em casa. Atendeu a filha que queria saber quem gostaria de falar com ele e só depois deu a notícia de que o velho Chico havia falecido. Diante da má e inesperada notícia perguntei sobre a causa e ela me explicou que foi um novo AVC, já que ele tivera outro há alguns anos. Estava o seu Francisco indo para a padaria, quando, no meio do caminho, sem nenhum aviso prévio, caiu no meio do passeio público. Chamaram o socorro, mas não havia mais nada o que fazer. Seu Francisco, ou Chico, morreu na contramão atrapalhando o tráfego, como diria a canção do outro Chico, que recebeu o prêmio Camões de literatura. Seu Francisco morava em Ribeirão Pires e foi, a mim indicado, por um amigo de lá, o músico David Filho. Com seu jeito simples, ele fez um orçamento que chegou a me espantar, po

UM SONHO MATERNAL

">Era uma tarde chuvosa e indisposta. Caminhei por um bom tempo até encontrar minha antiga casa. Estava tudo igualzinho quando eu era criança. As mesmas plantas, a mesma roseira e o antigo pé de babosa que era um santo remédio para problemas com o couro cabeludo. O portão estava aberto e as folhas secas estavam espalhadas pela calçada que acessava ao terraço. O muro com balaústres onde eu me sentava para acompanhar o movimento da rua, parecia ser bem mais alto nos velhos tempos. Agora parecia baixo e poderia ser facilmente pulado por gente mal-intencionada.                Há quanto tempo que eu não venho por aqui, pensei enquanto sonhava. A porta estava meio aberta e entrei. Onde estará o pessoal? Será que não tem ninguém em casa! Perguntei quase gritando. Mas ninguém respondeu. Fui para a cozinha e minha mãe estava sentada numa cadeira na ponta da mesa. Com o cigarro aceso entre os dedos, ela tragava e soltava fumaça para o alto, observando os desenhos que se formavam.    
PROF. JOSÉ CARLOS MARQUES O saudoso professor Marques foi aluno da antiga ESAN, graduando-se em Administração ainda no antigo prédio da Rua São Joaquim. Antes de se decidir pela carreira de administrador, cursou matemática, o que o fez ter grande destaque nas disciplinas que envolviam cálculos e estatística.   Fez mestrado em Gestão da Qualidade pela Universidade Estadual de Campinas. Iniciou o doutorado na mesma universidade. Iniciou o doutorado na mesma universidade, mas acabou não concluindo em razão dos vários compromissos profissionais e pessoais. Como começou a sua carreira profissional em gestão de recursos humanos e posteriormente foi compartilhar com os alunos da ESAN-FEI os seus conhecimentos profissionais e acadêmicos, ainda antes de iniciar o mestrado. Marques foi gestor de RH do Metrô, onde atuou por vários anos, sempre com muita competência e ética, principalmente por se tratar de uma empresa pública. Gostava de comentar sobre vários casos em que reafirmava