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Mostrando postagens de outubro, 2022

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES

Acho que um dia para as mulheres é pouco. Devia ter o ano internacional das mulheres, mas todos os anos, rs. Afinal, as mulheres são a maioria da população e são mães de todos os homens. Sem as mulheres o que seria de nós homens? Elas são tão preciosas que muitos homens não suportam viver sem elas. Vicente Celestino, com seu vozeirão, cantava o Ébrio, uma canção que fala da tristeza de um homem abandonado e busca na bebida esquecer as suas mazelas. As mulheres abandonadas, e não são poucas, se levantam e tocam a vida, pois o leite das crianças não pode esperar a passagem das dores do amor ou do desamor. Enfim, quase todas as canções falam das mulheres. Do perfume, da beleza, do sorriso, dos olhos, dos cabelos, da doçura... Desde os tempos medievais, quando os primeiros versos ou cantigas de amor foram registradas, elas são as protagonistas. São elas que deixam os homens sem rumo, sem eira e nem beira. O velho Machado de Assis dizia em um dos seus romances: “Ela me custou minha vida

...TER CARRO VELHO ERA UMA AVENTURA

Ter um carro no passado era o sonho de todo mundo. Um possante era a sensação de andar pelas ruas com segurança sem medo de chuva ou de ser assaltado com o carro em movimento, sair e voltar a hora que quiser, sem depender de ônibus ou trem. Pegar uma estrada e se sentir o dono do mundo com o vento acariciando o rosto. Tudo isso sem contar com a possibilidade de namorar a garota mais cobiçada do bairro. Tive um colega que seu rival passou de carro e a sua namorada o largou no meio da rua. Uma tragédia. Ele bebeu formicida, mas por sorte foi socorrido a tempo. Tudo por culpa de um carro. Nos fins dos anos 1950 e início de 1960 a moda entre os jovens de classe média era puxar carros estacionados nas ruas e dar uma voltinha. Quem fazia isso era o filho menor de idade do professor Sérgio Buarque de Holanda, um tal de Francisco. Mas a brincadeira acabou mal e ele e seu amigo foram pegos pela polícia. Como eram menores e com cara de filhinhos de “papai”, ficaram mofando na delegacia até a

CALABAR, ELOGIO A TRAIÇÃO

“Calabar, elogio à traição”, é uma comédia histórica e musical de 1973 que não chegou a ser encenada na época, pois a censura da ditadura militar considerou que a obra era uma ameaça à ordem vigente, ou seja, uma ditadura não suporta livros, teatro ou música, pois considera o povo como crianças que podem ser influenciadas por ideias estranhas. O Putin faz o mesmo na Rússia, pois está censurando a imprensa, redes sociais, rádio e televisão, pois ele não quer que o povo saiba que o país está numa guerra absurda contra um país vizinho, destruindo escolas, hospitais, teatros, atingindo milhares de civis, incluindo mulheres e crianças. Calabar foi escrita por Ruy Guerra com trilha musical de Chico Buarque. Ruy é um cineasta, dramaturgo e poeta português, nascido em Moçambique e radicado no Brasil. A temática de Calabar é a relatividade da traição. O personagem histórico, Domingos Fernandes Calabar (1600-1635), foi um usineiro que obteve fortuna fazendo contrabando e, também, um hábil milit

AGOSTO

O romance “Agosto” de Rubens Fonseca se desenrola durante o mês de agosto de 1954, tendo como protagonista da ficção, um comissário de polícia rigoroso quanto a aplicação da lei e tendo como pano de fundo a crise política e institucional nos últimos dias do governo Getúlio Vargas. A história gira em torno um comissário de polícia do RJ com seus amores e seus conflitos de consciência na execução do seu trabalho num ambiente policial corrupto, com seus colegas envolvidos com propinas de bicheiros e outras maracutaias. O autor vai narrando em paralelo, o drama histórico vivido por Getúlio Vargas e seus correligionários. Getúlio é atacado por todos os lados, tendo o jornalista Carlos Lacerda como seu arqui-inimigo. No ambiente político, a oposição ferrenha da UDN, um partido conservador de ultradireita que defende de forma explícita a necessidade da deposição do presidente por um golpe militar, acusando-o de tramar um golpe. Os militares, sempre presentes no cenário político desde a Proc

FAZENDA SÃO VICENTE

Recebi uma fotografia da velha casa da Fazenda São Vicente, que uma prima, a Sandra Zambone, me enviou. Está desmilinguindo, o telhado está cedendo e, provavelmente, os ratos e insetos devem reinar por toda parte. Quantas histórias se passaram pelo interior da casa desde a sua construção há quase cem anos. Iniciou pela retirada das madeiras da floresta, ainda exuberante. Foram grandes perobas, imbuias, jequitibás e aroeiras. A aroeira, considerada como um pau-ferro, pois resiste ao tempo e até sob a água, foi usada como alicerce para a casa ficar acima do solo. As paredes de peroba e o assoalho de imbuia outras madeiras nobres resistem até hoje. Eram quatro quartos, uma sala e uma grande cozinha com fogão de lenha. Nela passei uma longa temporada quando criança sob os cuidados da minha prima e madrinha. Lá convivi um pouco com meu avô, um homem de poucas palavras que passava horas lendo num banco ao lado da casa, lendo ou colocando os velhos olhos na invernada. As vezes ele me lev

A PALMATÓRIA

Em tempos de antanho, a palmatória era um recurso dos mais usados pelos mestres que acreditavam que a atenção, capricho e memória se resolvia com dezenas de pancadas nas palmas das mãos dos jovens estudantes. Meu pai contava que no tempo em que estudava as primeiras letras, os alunos ficavam numa roda e o professor (ou carrasco) ia fazendo a chamada oral sobre a tabuada ou conjugação dos verbos. Aquele que errava uma sequência, estendia as mãos para levar as batidas com a palmatória. O número dependia das vezes em que o aluno errava deixando as pobres mãozinhas vermelhas e inchadas. E foi pensando nos seus tempos de criança, que meu pai resolveu retomar a antiga prática com seus filhos e fez uma palmatória para usá-la em caso de necessidade, pois acreditava que seria melhor do que bater nas crianças com a cruel cinta de couro ou palmadas no traseiro. Enquanto ele preparava o instrumento de tortura, fiquei observando e ingenuamente até ajudei a segurar a madeira enquanto ele cortava

200 ANOS DE INDEPENDÊNCIA

Era sete de setembro de 1822, e o ´príncipe regente retornava de uma viagem a Santos e voltava por terra, subindo a Serra do Mar. Uma viagem difícil, pois estavam montados em mulas e burros, animais mais resistentes em caminhos precários como era na época, mas desconfortáveis. O trajeto foi possivelmente a atual estrada velha de Santos. No planalto, a comitiva do príncipe chegou ao que é hoje São Bernardo do Campo, pela Caminho do Mar chegando ao bairro Rudge Ramos até São Caetano do Sul, contornando o Ribeirão dos Meninos. Segue o grupo em direção ao atual bairro do Ipiranga, onde fizeram uma parada de descanso e para os animais beberem água no pequeno riacho que passava ao lado do atual Museu da Universidade de São Paulo. O grupo desmonta, retira os arreios dos animais e, como era comum, para os cavaleiros fazerem as suas necessidades. Dom Pedro teve um desarranjo intestinal por conta de uma peixada na baixada Santista que não lhe caiu bem. Enquanto descansavam, chega um mensageiro