POEMAS PARA UMA CONTA DE MAIS Gosto de poesia, mas confesso que sou ignorante sobre o assunto. Gosto porque sinto que gosto, me emociono, me encanto, mas longe de mim teorizar sobre os escritos que vem do fundo da alma, que expressam às vezes o lado sombrio da existência. Lembro-me do Rainer Maria Rilke em Cartas para um jovem poeta, presente de um velho amigo que me acreditava um poeta aprendiz. Confesso que depois de ler, fiquei tempos sem escrever, pois não sabia se o que escrevia era mesmo poesia. “Não faça poesia sobre acontecimentos, pois não é poesia...” Mas estou diante do livrinho de poesia da amiga Bete Cunha, Poemas para uma conta de mais, cujo nome sugere um poema cartesiano. Poema pode ser a soma de tudo e mais alguma coisa. O livro é bilíngue e algum leitor distraído pode pensar que se trata de uma autora nascida em algum lugar das Américas em que o castelhano se tornou dominante. Mas não, ela é daqui mesmo, nascida em São Caetano do Sul, de pai cearense e mãe de