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Mostrando postagens de maio 29, 2018
POEMAS PARA UMA CONTA DE MAIS Gosto de poesia, mas confesso que sou ignorante sobre o assunto. Gosto porque sinto que gosto, me emociono, me encanto, mas longe de mim teorizar sobre os escritos que vem do fundo da alma, que expressam às vezes o lado sombrio da existência.  Lembro-me do Rainer Maria Rilke em Cartas para um jovem poeta, presente de um velho amigo que me acreditava um poeta aprendiz. Confesso que depois de ler, fiquei tempos sem escrever, pois não sabia se o que escrevia era mesmo poesia. “Não faça poesia sobre acontecimentos, pois não é poesia...” Mas estou diante do livrinho de poesia da amiga Bete Cunha, Poemas para uma conta de mais, cujo nome sugere um poema cartesiano. Poema pode ser a soma de tudo e mais alguma coisa. O livro é bilíngue e algum leitor distraído pode pensar que se trata de uma autora nascida em algum lugar das Américas em que o castelhano se tornou dominante. Mas não, ela é daqui mesmo, nascida em São Caetano do Sul, de pai cearense e mãe de
CUIDADO COM AS VÍRGULAS...             Morava em minha rua, quase em frente a minha casa, um velhinho italiano chamado Antônio. Era uma pessoa adorável. Baixinho e roliço, usava um chapéu de feltro, calças largas e surradas botinas. Era uma figura ímpar e muito querida da garotada do bairro. Quando ele passava pela rua corríamos ao seu encontro e pedíamos sua benção. Sua diversão era fazer charadas e contar histórias para a garotada. Seu Antônio Piffer era um assíduo frequentador de minha casa e diariamente ele passava por lá para um cafezinho e um dedo de prosa. Sentava-se à nossa varanda e já ia perguntando: “Gosta mais do papai ou da mamãe?” Nós sempre respondíamos: “Gostamos igual".   "É mentira, dizia ele, eu sei que vocês gostam mais de um do que do outro", dizia com seu sotaque italiano. Outras vezes fazia umas pegadinhas tirando as vírgulas das frases para mudar o sentido. Matar o rei non é pecado. Está certo ou errado? Perguntava. Nós respondíamos: Es