Para Caterina Koltai Os cães bem nascidos, com roupas de lã e com guias passeavam com seus donos pela praça sob um frágil sol de outono. Uma senhora obesa e arrogante levava o seu luluzinho, cuidadosamente penteado, ao colo, para evitar que se contaminasse com outros cães ou a sujeira do piso. Naquele espaço público, as classes sociais se diferenciavam pelas raças dos cães, cujos preços de mercado variavam de acordo com a raridade. Um Poodle Toy, por exemplo, pode custar até três mil reais, dependendo do pedigree. As coleiras, as roupas dos cães e demais adereços, também contribuíam para fazer a diferença. Para os cães, pelo menos é o que dizem os cinólogos, tudo se resume ao odor das roupas, das pessoas e das coisas. Eles não empinam o nariz como fazem nos desenhos animados, os cães das madames. Estão presos (pelas coleiras) às classes dos seus donos, mas não sugere que tenham noção de suas classes sociais, muito menos consciência de classe. Um mendigo, também alheio às questõ