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Mostrando postagens de dezembro, 2020

SAUDAÇÃO ÀS PLANTAS

  SAUDAÇÃO ÀS PLANTAS   Cansado de ficar em casa resolvo dar uma caminhada pela minha rua, cujo nome é em homenagem ao escritor negro Lima Barreto, autor do inesquecível conto “O homem que sabia javanês”. É um sábado, diferentemente de outros tempos, ninguém na rua, a não ser o vai e vem de entregadores de encomendas adquiridas pela internet e correio. Vou até o final, pois a rua é curta e quando retorno, encontro um vizinho devidamente mascarado. Precisei tirar rapidamente a minha para que ele me reconhecesse. Falamos de amenidades, como as filhas dele trabalhando em sua casa e ele proibido de fazer qualquer tipo de barulho como ligar a furadeira ou bater algo com o martelo, problema que também compartilho.   Elas precisam de silêncio e eu estou precisando de fazer um pouco de barulho para me sentir um pouco vivo. Desconsolado ele me fala sobre o seu buffet infantil que precisou fechar, pois as festas acabaram. Sem festas, sem a alegria das crianças, dispensou todos os funcionár

AS PENSÕES PARA FILHAS DE MILITARES

  F ILHAS DE MILITARES SOLTEIRAS  E AS PENSÕES VITALÍCIAS. Essa história é macabra por falta de outro adjetivo mais adequado ao absurdo. Refiro-me a pensão vitalícia que filhas solteiras de militares recebem com o falecimento dos pais. Um casal de amigos estrangeiros achou a mamata digna de ser colocada no livro dos Records como a maior do mundo. Segundo um militar que conheci ao acaso e um defensor do privilégio, ele alegou que seu pai, também militar, foi designado para um quartel no Acre. Como ele tinha duas filhas solteiras em idade de casamento, ficou desesperado com a possibilidade de as moças ficarem solteiras, pois lá não havia chances de um bom casamento. Com a lei, ele ficou aliviado e pode dormir em paz. Lá segundo esse militar, só existiam índios e meu avô jamais admitiria o casamento das filhas com nativos. Como é rotina, posteriormente ele foi transferido para outra cidade bem mais desenvolvida, mas as meninas não queriam saber de casamento. Com o pai morto, divi

POR QUE SE DUVIDA DAS URNAS ELETRÔNICAS

  POR QUE SE DUVIDA DAS URNAS ELETRÔNICA?   Ao acompanhar as eleições para presidente e congresso dos EUA com o seu complexo sistema de votação e de apuração, dá um sabor de superioridade do nosso sistema em que no mesmo dia da votação, os vencedores são proclamados e os adversários vencidos aceitam a derrota. Uma das razões pelas quais eu acredito em nosso sistema é porque o Bolsonaro não acredita. Se ele e seus seguidores não acreditam em algo, deve ser bom porque a inteligência desse pessoal tem sérios problemas de processamento.   Outra razão muito forte é que acredito na ciência e nos recursos tecnológicos. Uma lógica muito simples, é que os resultados das pesquisas são confirmados dentro da margem de erro, pelas urnas. Como em geral as urnas confirmam as tendências observadas pelas pesquisas, alguns desses negacionistas chegam a afirmar que há uma combinação entre os institutos de pesquisa e as urnas eletrônicas, coisa só cabível em mentes ignaras, pois seria necessário com

PRESIDENTES E AS PIADA

  OS PRESIDENTES E AS PIADAS Os mais velhos devem se lembrar das piadas sobre o velho general que foi presidente do país entre 1966 e 1968. As piadas eram antigas, mas eram adaptadas para gozar o segundo governo militar após o Golpe de 1964. Em verdade, ninguém escapa das piadas, adaptadas ou não, quando se ocupa um cargo político dessa importância.   Castello Branco, o primeiro general presidente era um homem que tinha alguma cultura, frequentava teatro e lia bastante, mas piadas se referiam mais ao seu aspecto físico. No caso das anedotas sobre o Geisel, essas versavam mais sobre a sua sisudez e se brincava com sua condição de filho de pastor luterano alemão, mas por malícia, se omitia o luterano.   O último general presidente, o Figueiredo, assumia que preferia os cavalos (era da Cavalaria) ao povo. Daí, tome lá piadas sobre cavalgadura.   Costa e Silva não era mesmo um homem culto, apesar de ter chegado ao mais alto grau da hierarquia militar.   Era um profissional da caserna
  O CARIOCA     O Carioca era uma figura ímpar. Simpático, seu sorriso era 1001, ou seja, não tinha nenhum dente na frente. Alguém pode perguntar como ele conseguiu entrar numa grande empresa, vindo de tão longe e sem muita instrução? Simples. No Rio de Janeiro era carregador das tralhas de golfe de um grande empresário.   De tanto acompanhá-lo, acabou fazendo vários relacionamentos e, segundo ele, conhecia grande parte do PIB brasileiro, os grandões, que o tratavam muito bem. Isso é explicável. O pobre Zé era um bom serviçal dos ricaços, fazendo o que eles se recusam a fazer, ou seja: carregar peso e pegar as bolinhas que se espalham pelos campos de golfe. Foi assim que um dia, cansado de ser carregador dos tacos e catador de bolinhas, criou coragem e pediu um emprego para o doutor Paulo, um grande empresário. Contou-me ele, que o “homem”olhou para ele de cima embaixo e perguntou: “Você quer mesmo trabalhar?”. Ele respondeu prontamente que estava disposto a fazer qualquer cois

O ENIGMÁTICO PROFESSOR

Conheci o professor Mario Ghislandi na Fundação Santo André, onde ministrou aulas de História Econômica, Política e Social nos anos 1970. Era um homem taciturno, falava o essencial nas suas aulas e não se alongava em outras questões. Era impenetrável e o pessoal dizia que ele era um espião do SNI, o terrível órgão voltado para informações sobre inimigos do governo. Suas aulas até que eram interessantes. Trabalhou com um livro do antropólogo Darcy Ribeiro, “O processo civilizatório”, publicado em 1972. Neste livro o autor discute o processo de desenvolvimento político e econômico da sociedade humana, desde a exploração da agricultura na denominada Civilização do Regadio.   A vinculação do Ghislandi com o SNI fazia parte do folclore da época, pois ninguém dispunha de informações concretas sobre o assunto.   Além disso, seu curso tinha um viés mais para a esquerda do que para a direita, pois o autor estudado era ligado às correntes mais progressistas do pensamento político.   Os de

HANS, UM SUIÇO BRASILEIRO

Hans era ou é um suíço quase brasileiro, pois veio para o Brasil ainda jovem e adorou o país, interessando-se pela nossa cultura bastante diversificada com várias influências   Foi contratado   trabalhar na empresa através de uma construtora durante as obras para a instalação de novas unidades produtivas. O que causou admiração, é que o Hans, que morava sozinho por aqui, optou por dormir em uma barraca de camping no meio da fábrica. Poderia muito bem se hospedar num hotel em Santo André ou São Bernardo do Campo, evidentemente com maior conforto. Mas para ele seria muito cansativo dirigir até a fábrica e principalmente para ele que não tinha muito prazer em dirigir em nosso trânsito caótico. Aliás, nem sei se ele possuía um carro. Fiquei curioso para conhecer a figura e foi num dia em que ele esteve no setor de pessoal que acabei por encontra-lo.   Curioso, como sempre, quis saber por que acampava na fábrica, pois na juventude acampar era um dos meus divertimentos prediletos. Até

EFÊMERA

Conheci uma moça chamada Maria Efhêmera de Aguilar quando ela compareceu à empresa onde eu trabalhava, candidatando-se a uma vaga de secretária. Achei o nome estranho e logo a chamei para a entrevista. Por que Efhêmera? perguntei curioso, já que ela devia ter uns vinte e cinco anos ou um pouco mais e poderia viver mais cinquenta. Senta que lá vem história: “Quando nasci, fui diagnosticada com um problema raro no coração e o médico avisou meus pais que que eu poderia durar um dia ou talvez um ano, não mais que isso. Diante da triste notícia, meu pai resolveu colocar esse nome que significa que eu duraria muito pouco, pouco mesmo, talvez apenas um dia. Foi uma forma que ele encontrou para ir se acostumado com o pouco tempo que me teria viva”. Efêmera é também o nome de um inseto da família dos Efemerídeos que vivem apenas algumas horas. São insetos pequenos que habitam as margens de rios e lagos de água doce. O nome vem do grego que significa por um dia. O inseto ela descobriu depois

QUEM TEM UM OLHO PODE NÃO SER REI

O escritor britânico H.G. Wells (1866-1946) escreveu um conto bastante interessante que foi traduzido para o português com o título: “Em terra de cego, quem tem olho é rei”. A história narra a aventura de um alpinista que durante uma escalada, se perde do seu grupo pelos Andes, na Colômbia. Buscando uma saída acaba encontrando um vale em meio as montanhas onde todos os habitantes eram cegos. Estavam ali isolados desde a chegada dos espanhóis. Um dos membros do grupo original contraiu uma doença ocular que acabou se espalhando para todos os descendentes. Assim, durante quinze gerações estavam sem visão e haviam se adaptado a essa condição, sobrevivendo nas condições mais improváveis. O alpinista perdido, ao perceber a situação, chegou a pensar em tirar proveito da situação, tornando-se, como diz o ditado, um rei, já que seria o único capaz de enxergar. Ledo engano. A sua especial condição de enxergar não só dificultou a sua sobrevivência na aldeia, como também foi um fator de rejeiç

CORAÇÕES SUJOS

">Acabei de ler o livro Corações Sujos do Fernando Moraes sobre a comunidade japonesa no Brasil nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo depois do ataque americano com bombas atômicas sobre e Hiroxima e Nagasaki, muitos japoneses residentes no Brasil ainda acreditavam que o Japão havia vencido a guerra e que as informações que aqui chegavam eram manipulações do imperialismo americano. Aqueles que não concordavam que o Japão havia vencido a guerra eram chamados de "Corações sujos" e muitos foram assassinados como traidores da pátria do Sol Nascente. No oeste paulista, onde estava grande parte da colônia, esse sentimento era muito forte, causando sérios problemas, obrigando a polícia a intervir de forma muitas vezes violenta e desproporcional. A repressão criou um sentimento entre os japoneses de que os brasileiros não gostavam deles. Fazendo uma analogia com a atualidade, a informação de que o Japão teria sido o vencedor da guerra, era uma fake news e

MEU AMIGO CARLOS LACERDA

">Não, não é o Carlos Lacerda, carioca e influente político brasileiro, que esteve presente nos principais acontecimentos da história brasileira do século XX. O Carlos sobre o qual escrevo, é   o Carlos Clementino de Oliveira Lacerda, paulistano, formado na Escola de Sociologia e Política, que militou durante muitos anos no jornalismo. Uma pessoa culta e bem informada e era um prazer ouvi-lo. Era, também, um gozador incorrigível. Gostava de   brincar com as mulheres sobre a superioridade dos homens. Dizia com expressão séria: “quem são os melhores cozinheiros, os melhores costureiros... Vejam os pássaros! Quem canta melhor? Comparem o pavão com a fêmea...”, mas parece que eram só   brincadeiras do Carlão para provocar as mulheres. Há quem diga o contrário, ou seja, o Carlos era mesmo um “Jece Valadão” enrustido. Onde estará o Carlos? Há séculos que não o vejo. No meu casamento se perdeu e não conseguiu chegar a tempo e foi uma pena, pois havia se comprometido em fazer as foto

BIOTÔNICO FONTOURA, A BEBIDA QUE FEZ MILAGRES

>O Biotônico Fontoura, com mais de cem anos, ainda frequenta as farmácias brasileiras, mesmo perdendo o status que conseguiu em boa parte do século XX. É um tônico preparado a base de ervas pépticas e aromáticas, além de uma porção de vinho do Porto, na base de 9,5%. Era, segundo o almanaque que vinha com o produto, um santo remédio para a falta de apetite, anemia e outros problemas de saúde. Ainda garoto, ouvi um senhor dizer que era infalível para a vida amorosa num tempo em que o Viagra nem em sonho existia. Se batido no liquidificador com amendoim e ovos de codorna, garantiam que era infalível. O Biotônico fez a fortuna de Cândido Fontoura Silveira, um jovem farmacêutico de Bragança Paulista, que em 1910, criou a bebida de grande sucesso comercial.   Como ele era amigo do escritor Monteiro Lobato, o convidou para ser editor do Almanaque Fontoura que era distribuído aos milhões, juntamente com o produto. Lembro-me que o almanaque era disputado a tapas em casa, pois todos queria

A BANDEIRA NACIONAL, SALVE, SALVE...

A bandeira brasileira tem um velho e saudoso significado para mim. Lembra minha mãe com uma saia de linho verde que ela gostava de usar e a deixava elegante e charmosa. Mas um dia ela enroscou a saia em algum lugar fazendo um rasgo irrecuperável. Ficou triste, muito triste. E para consolá-la pedi que me fizesse uma camisa com o tecido. Não é ela topou¹ Mãos a obra. Sentada em sua Brevenix, uma máquina de costura inglesa, onde eu li as primeiras palavras na língua de Shakespeare: Made in England, ela costurou, em poucas horas, uma bela camisa de linho verde. A cor me deixava preocupado, pois poderia sugerir que eu havia trocado de time, abandonando o velho time do Parque São Jorge, mas eu gostava do verde e ponto final. Mas um fato novo estava para acontecer. A minha professora do segundo ano primário avisou que no dia seguinte comemoraríamos o dia da Bandeira Nacional e nos fez decorar o quase desconhecido hino, cujos versos ainda me encantam: “Salve lindo, pendão da esperança/ Sa

DO PRIVATIVO ÀS PRIVADAS

">Antigamente não havia privadas dentro das casas, pois seria considerado anti-higiênico. Mesmo nas residências dos mais abastados, as pessoas iam para o pequeno compartimento no quintal. Se chovia ou era noite, os velhos penicos eram a solução. De louça entre os ricos, de lata para os mais pobres. Já no final do século XIX, algumas mansões já dispunham de um sistema mais prático. Era um tipo de baú aos pés da cama. Levantando a tampa, tinha-se um vaso sanitário. Os dejetos caiam diretamente no subsolo. Numa passagem por Taubaté com destino a Monte Verde, visitamos a antiga casa do avô do escritor Monteiro Lobato, um rico barão do café. Em sua grande casa havia um cômodo usado como banheiro, mas só para banhos, literalmente.   As outras necessidades eram na casinha com boa distância da mansarda. Quem conhece Ouro Preto, em Minas Gerais, deve ter visitado a Casa dos Contos, onde eram cunhadas as moedas de ouro e prata. Em frente às bocas do fogão a lenha, há uns três metro

AS MULHERES E OS ÍDOLOS

">Quando adolescente havia um rival implacável quando se tratava de garotas inteligentes, conscientes politicamente e liberais. O rival era o Che Guevara, com a sua barbichinha rala e seu olhar de revolucionário romântico e boa pinta, era um concorrente sério, mesmo depois de morto. Uma garota que conheci numa igreja onde participava de encontros de jovens, descartou-me sob o pretexto de que não conseguia tirar o Che da cabeça e beijar outro homem era como se estivesse sendo infiel ao seu ídolo. Já que não podia concorrer com o ídolo das garotas, arranjei um jeito de tirar partido da situação. Aproveitando alguma habilidade para desenhar, fiz vários retratos do Che para as meninas, que guardavam os desenhos com especial carinho. Para dar um toque final em minha técnica de sedução, escrevi um poema sobre o revolucionário que fez um razoável sucesso. Com isso, ainda consegui levar alguma vantagem, mas sendo obrigado a ouvir, entre beijos e abraços, coisas como: “O Che é lindo,

AS JABUTICABAS

>Alguns anos atrás, um amigo dos velhos e saudosos tempos apareceu em casa. Paulo Célio Duarte ou apenas Paulinho, foi na sua adolescência, um revolucionário. Não chegou a pegar em armas, mas prometia na época que a classe operária tomaria o poder e ele seria um comissário do partido (que não me lembro qual era), fiscalizando o cumprimento das diretrizes da revolução popular. Nunca soube e, também, não tive coragem de perguntar se o seu fervor revolucionário era por influência dos irmãos mais velhos ou tinha mesmo muita convicção. Quando me visitou já era um cadeirante, condição em que ficou por causa de um estupido atropelamento ao atravessar uma rua tarde da noite. Como era poeta, disse que a lua estava tão bonita que olhou para cima e não viu o carro se aproximando.   Ficou lá estirado por horas, pois o motorista não teve a dignidade de socorrê-lo, talvez por estar embriagado.   Ficamos os dois a relembrar nossos tempos de companheirismo em que distribuíamos panfletos ou fazía

OS APELIDOS

O cronista Humberto Werneck, que está escrevendo uma biografia sobre o Carlos Drummond de Andrade, adiantou que o poeta colecionou durante sua vida, o registro de apelidos de escritores, jornalistas e intelectuais, talvez com a pretensão de publicar um dicionário de apelidos. Não deu tempo ou não quis, mas os originais estão na Biblioteca Nacional. Quase todas as famílias brasileiras têm seus apelidos e suas histórias. Alguns apelidos são execrados pelas vítimas que fuzilam de ódio todo aquele que comete a indelicadeza de lembrá-los. Alguns acabam colando nas pessoas de tal forma que chegam a virar nome artístico, quando os portadores enveredam pelos meandros das artes. Muitos apelidos ou hipocorísticos vêm da redução dos nomes como Quim, de Joaquim, Ric de Ricardo, Mané de Manuel, Zé de José, Jô de João, Bia de Beatriz, Bel de Izabel, Nando de Fernando, Tião de Sebastião etc. Outros hipocorísticos, são mutilação dos nomes como é o caso de Zeca, de José; Quinzinho, de Joaquim; Mariqu

A HONRADA E NOBRE FAMÍLIA SILVA

>Nenhuma família está em todos os lugares, em todos os cantos, em todos os salões, em todas as ruas, em todas as galés, em todos os viadutos, em todos os trens entulhados de gente, caindo pelas portas e janelas. Nenhuma família brasileira está nos palácios e ao mesmo tempo nas favelas, nos campos, nos exércitos, nas academias, nas fábricas e escritórios.   Quem não conhece um Silva brilhante, empreendedor, trabalhador, criativo? Quem não tem um parente com esse nobre sobrenome que surgiu em terras lusitanas nos primórdios dos tempos modernos. E muito provavelmente todos nós, de sangue lusitano, espanhol ou mesmo italiano, tenha no seu DNA um pouquinho que seja dos Silvas.   Lucius Flavius Silva, um general romano que viveu no século I deixou muitos descendentes na península itálica e na ibérica. O nome tem origem toponímica, derivada de selva que em latim é silva. Em terras portuguesas o nome está associado à Torre e Honra de Silva, que ficava a meio caminho das freguesias de Sã

O CINE VITÓRIA E A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA

Cine Vitória, fundado em 1953, em São Caetano do Sul teve os seus dias de glória como o melhor cinema da cidade.   Seu nome deve ter sido uma auto-homenagem ao seu proprietário, o empresário Vittorio Dal’Mas. O prédio chegou a ser sede da prefeitura nos andares superiores e, também, da ACASC, uma associação onde eram promovidos bailes e formaturas. Próximo do Natal, lá pelo final dos anos 1950, fui lá pela primeira vez na companhia dos meus pais e irmãos. Com a melhor roupa que envolvia terninhos de calças curtas e gravatas borboletas fizemos um retrato familiar no Foto Mitto, na Manoel Coelho, próximo a estação ferroviária e clic. Estava pronta uma lembrança para ser enviada aos parentes do interior. Depois, caminhamos até o Cine Vitória, onde assistimos um longo e cansativo documentário sobre o fundo do mar na primeira sessão e em seguida o filme “Lá Escondida”, um dramalhão mexicano ambientado durante a revolução de 1910, liderada por Zapata. Minhas irmãs quase adolescentes falar

VINTE E CINCO ANOS SEM TOM JOBIM

  Melodias sofisticadas e ao mesmo tempo palatáveis ao gosto popular, como disse Gal Costa, era também um letrista inspirado, principalmente quando se tratava de temas ligados à natureza. Águas de Março é um primor, tanto de letra como de melodia. Carioca, filho de um poeta gaúcho, neto de paulista, tinha também um pé no Ceará através de uma bisavó materna. Era, portanto, um brasileiro de quatro costados originário de pelo menos de quatro estados. Era um homem simples que morando nos EUA, pagava uns trocados a mais para poder comer arroz branco com feijão, a comida dos empregados. Gostava de um uísque, mas não desprezava uma boa cachaça, cerveja e chopes bem tirados. Um ano antes de sua morte, fez um belo e memorável show no Parque do Ibirapuera com toda a sua banda e coro. Foi um dia bonito, ensolarado. Estava do jeito que ele gostava, cantar em meio a natureza ouvindo bem-te-vis e sabiás que circulavam por entre as árvores. Fomos com nossa filha, uma amiga, a Luci, seus filhos e

UM EMPRESÁRIO INOVADOR

 O economista e empresário Francisco Garcia Bastos nasceu no Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Itaperuna, norte fluminense em 16 de agosto de 1906, tendo como irmão gêmeo e sócio, Fábio Garcia Bastos. Tanto os Garcia com os Bastos, são troncos antigos na região e suas origens remontam aos fundadores da cidade. Seus antepassados se dedicavam à agricultura e pecuária, atividades que serviram de base para os empreendimentos dos dois irmãos, Fábio e Francisco Formados em Economia na capital da república, iniciam o negócio de comércio e importação de produtos voltados para a agricultura e pecuária, ao qual se juntam outros parentes como Laercio Garcia Nogueira, Altair Garcia Nogueira entre outros. A empresa Fábio Bastos & Cia. É fundada na cidade do Rio de Janeiro em 1929 representando a empresa sueca Alfa Laval, com atividades voltadas para a área de laticínios com produtos como desnatadeiras, ordenhadeiras mecânicas, pasteurizadores entre outros.  Posteriormente a empresa aprovei