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PRESIDENTES E AS PIADA

 

OS PRESIDENTES E AS PIADAS


Os mais velhos devem se lembrar das piadas sobre o velho general que foi presidente do país entre 1966 e 1968. As piadas eram antigas, mas eram adaptadas para gozar o segundo governo militar após o Golpe de 1964. Em verdade, ninguém escapa das piadas, adaptadas ou não, quando se ocupa um cargo político dessa importância.  Castello Branco, o primeiro general presidente era um homem que tinha alguma cultura, frequentava teatro e lia bastante, mas piadas se referiam mais ao seu aspecto físico. No caso das anedotas sobre o Geisel, essas versavam mais sobre a sua sisudez e se brincava com sua condição de filho de pastor luterano alemão, mas por malícia, se omitia o luterano.  O último general presidente, o Figueiredo, assumia que preferia os cavalos (era da Cavalaria) ao povo. Daí, tome lá piadas sobre cavalgadura.

 Costa e Silva não era mesmo um homem culto, apesar de ter chegado ao mais alto grau da hierarquia militar.  Era um profissional da caserna que fez nela uma carreira de sucesso e tinha grande liderança entre os militares. Era conservador e durão, mas detestava ser visto como um ditador, apesar de ter poderes quase absolutos sobre o estado. Chegou à presidência impondo sua candidatura contra a vontade do Castello Branco por ser apoiado pela ala das Forças Armadas considerada “linha dura” ou melhor dizendo de extrema direita.

  Houve um episódio, esse verdadeiro, com a rainha da Inglaterra que visitava nosso país. Durante o almoço de recepção ao casal real, a rainha, em seu discurso, disse que estava feliz por estar em Brasília, no dia do aniversário da cidade. Costa e Silva entendeu que ela estava fazendo aniversário e levantou a taça: "vamos brindar o aniversário da rainha".

 Foi ele mesmo que decretou o famoso o AI 5 (Ato Institucional) que fechou o congresso por pressão dos militares da ala mais radical.  Há quem diga que o AVC que sofreu e o levou à morte, foi por desgosto, pois não queria mesmo ser considerado um ditador. O escritor Zuenir Ventura em seu livro "1968, o ano que não terminou", narra o episódio em que ele recebe várias pessoas da sociedade civil, estudantes, intelectuais, clérigos para encontrar uma solução para crise estudantil gerada pela morte de um estudante no restaurante calabouço.  Ele tenta dialogar, mas percebe-se que como chefe de um regime militar não tinha espaço para concessões. Um jovem estudante chega a faltar-lhe com o respeito devido ao cargo de presidente e ele encerrou a conversa.

 Costa e Silva tinha o seu estilo, apesar do seu jeito bonachão e fama de ter sido pouco interessado em cultura e conhecimento. Era até simpático com seu jeitão de sargento Garcia das aventuras do Zorro. Perto do atual presidente ele era um gentleman, apesar da Rainha Elizabeth não concordar muito com isso.

 Com relação ao atual ocupante do Palácio do Planalto, desconheço piadas e o que se publica são apenas fatos, infelizmente muito reais para quem exerce um cargo tão importante. A reunião em que se tornou pública a sua finesse, ficará para sempre nos anais da História.

 

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