O Manual do Mundo é um sucesso de criatividade e empreendedorismo. A criação do Iberê Thenório corre o Mundo ajudando os jovens e adultos a aprenderem sobre como as coisas são feitas e entenderem a origem de tudo.
Ao acompanhar o sucesso do Iberê, não consigo esquecer o menino inteligente e curioso que conheci desde bebê nas visitas aos seus pais em Piedade, uma aprazível cidade no interior de São Paulo sob as sombras de velhas araucárias. Lá rolavam grandes papos e muita música.
Por trás desse sucesso não poderia deixar de lembrar do velho Delcy Thenório, avô do Iberê, que conheci na Rhodia Têxtil em Santo André, quando lá trabalhei juntamente com seu filho Edélcio. Delcy era um cuidadoso burocrata, mas nas horas vagas, era um autodidata que conhecia tudo de botânica, mecânica e física, além de escrever versos bem rimados, abordando o cotidiano de pessoas simples e de forma bem-humorada. Em sua casa, várias vezes ouvíamos as leituras dos seus poemas, enquanto a saudosa Antonieta servia o café com toda a sua simpatia.
Meu amigo Edélcio, pai do Iberê, seguiu a trajetória do pai e transmitiu ao filho a curiosidade sobre o mundo, principalmente em relação à natureza. Talvez por herança genética, herdou do pai a habilidade para escrever belos versos e ser também um compositor bissexto ou talvez pouco divulgado. Uma de suas geniais criações, é a canção "O pau", um hino à natureza e a preservação dos recursos naturais, com um toque de picardia. Na internet é possível conhecer um pouco do seu trabalho digitando músicas do dedo thenório.
Edélcio, como o velho e saudoso Delcy, além de um grande poeta, é um ser humano preocupado com os direitos humanos, defensor do meio ambiente e aguerrido crítico dos discursos anticiência. Mas não fica só nisso. Edélcio ou Dedo, como gosta de ser chamado, é um desenhista talentoso que não fica atrás do desenhista do Asterix, o genial Uderzo. E com essa habilidade ilustrava nosso jornalzinho na faculdade e mais recentemente, o livro de música da minha mulher, Celia Mattoso.
E foi nesse ambiente cercado pela natureza, discussões sobre a língua de Camões, história, teatro, e principalmente música, que cresceu o Iberê, tendo também o carinho e dedicação da mãe, a querida Ângela, um poço de paciência e generosidade.
O sucesso não ocorre por acaso. Por trás dele sempre há influências inegáveis e importantes de pessoas que transmitiram não só o amor, mas também valores humanos, curiosidade em relação ao mundo, respeito ao conhecimento e à ciência.
Evoé Iberê Thenório
Num dia desses visitava um sebo para passar o tempo, quando, surpreso, vi o livro Comunicação Visual e Expressão, do professor José de Arruda Penteado. Comprei o exemplar e pus-me a recordar os tempos de faculdade em que ele era professor e nosso mentor intelectual. Era uma figura ímpar, com seu vozeirão impostado e uma fina ironia. Rapidamente estreitamos contato e nas sextas-feiras saíamos em turma para tomar vinho e conversar. Era um dos poucos professores em que era possível criticar, sem medo, a ditadura militar. Penteado era um educador, profissão que abraçara com convicção e paixão. Seu ídolo e mestre foi o grande pedagogo Anísio Teixeira, que ele enaltecia com freqüência em nossos encontros semanais. Defendia um modelo de educação voltado para uma prática socialista e democrática, coisa rara naqueles tempos. Depois disso, soube que estava coordenando o curso de mestrado em Artes Visuais da Unesp e ficamos de fazer contato com o ilustre e inesquecível mestre. Mas o t...
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