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MINHA ANCESTRALIDADE

Por curiosidade de antropólogo, fiz o meu exame do DNA de ancestralidade global para ver as informações sobre a origem dos meus antepassados. Sabia que meus trisavós paternos eram portugueses, mas no Brasil se misturaram com outras etnias. Pelo lado materno são brasileiros há bem mais de 200 anos com origem ibérica, mas também com várias miscigenações. Com a moderna tecnologia de exame do DNA, um processo bem simples em que cotonetes são esfregados por cinco minutos na parte interna das bochechas é possível identificar as etnias ancestrais mais distantes em suas trajetórias pelo mundo. O resultado indicou que 79% da minha ascendência é europeia, sendo 38% ibérica (Espanha e Portugal), 18% da Europa Ocidental, possivelmente França e 18% da Itália, pois muitos ibéricos têm DNA da península itálica. Além disso, 3% do meu DNA vem da Sardenha, a grande ilha italiana que fica no mar Mediterrâneo, cujo povo permaneceu isolado do continente durante muito tempo. Para completar, 3% do meu DNA...

MARCIAL CANTERAS, UM ADVOGADO QUE AMAVA A POESIA

O velho Marcial, bom de bola, bom de versos, que se defendia bem nos sambas, partiu para uma viagem sem volta. Não gosto de dizer que deixou alguém, porque nessas viagens ninguém gosta de ir junto. Mas ficaram suas duas filhotas lindas e muito queridas pelo amoroso pai. Nascido em Santo André, Marcial travou conhecimento com a turminha da música, incluindo aí o velho Saulo de Tarso, que a covid tirou da gente e ainda não terminou a dor da perda pelos amigos e parentes. Nessa turma estava ainda o Sinésio Dozzi Tezza, Erasmão, Edélcio Thenório, Oscar de Vitto e outros tantos. Conheci o Marcial em Barra do Uma, onde a nossa turma relaxava nos feriados prolongados acampando no quintal do Heitor Tolezano, um andreense que largou tudo para viver a vida de papo pro ar naquela maravilhosa praia às margens do Rio Uma. Depois de instalados eu e a Celinha fomos ao único boteco na época, o Bar do Xandoca, onde estava toda a turma. O Saulinho ao violão, acompanhava um garotão descolado que cantava...

TECENDO O AMANHÃ: ROMANCE DE MOACYR PINTO

O escritor Moacyr Pinto depois de escrever Contos de vista (histórias do Brasil que elegeu Lula), Hiena: minha revolta não se vende, Ditadura Nunca mais, entre outros, lançou seu primeiro romance ambientado num bairro operário, sendo os personagens também operários, operárias e donas de casa. A proposta do escritor em sua primeira incursão pela literatura de ficção, foi dar protagonismo a uma classe social, invariavelmente colocada como coadjuvante nas narrativas que ele considera como burguesas ou da pequena burguesia. Tecendo o amanhã se propõe a dar voz para aqueles que labutam no chão de fábrica com os seus medos, suas esperanças e seus conflitos sociais, econômicos, familiares e afetivos. O falecido historiador Sérgio Buarque de Holanda manifestou numa entrevista que tinha a esperança de ver uma história escrita pelo povo e não, como até então, narrada pela visão de intelectuais da classe média ou da elite dominante. Tem sido assim ao longo da nossa história, quando os fatos pol...

SAUDAÇÃO ÀS PLANTAS

  SAUDAÇÃO ÀS PLANTAS   Cansado de ficar em casa resolvo dar uma caminhada pela minha rua, cujo nome é em homenagem ao escritor negro Lima Barreto, autor do inesquecível conto “O homem que sabia javanês”. É um sábado, diferentemente de outros tempos, ninguém na rua, a não ser o vai e vem de entregadores de encomendas adquiridas pela internet e correio. Vou até o final, pois a rua é curta e quando retorno, encontro um vizinho devidamente mascarado. Precisei tirar rapidamente a minha para que ele me reconhecesse. Falamos de amenidades, como as filhas dele trabalhando em sua casa e ele proibido de fazer qualquer tipo de barulho como ligar a furadeira ou bater algo com o martelo, problema que também compartilho.   Elas precisam de silêncio e eu estou precisando de fazer um pouco de barulho para me sentir um pouco vivo. Desconsolado ele me fala sobre o seu buffet infantil que precisou fechar, pois as festas acabaram. Sem festas, sem a alegria das crianças, dispensou todo...

AS PENSÕES PARA FILHAS DE MILITARES

  F ILHAS DE MILITARES SOLTEIRAS  E AS PENSÕES VITALÍCIAS. Essa história é macabra por falta de outro adjetivo mais adequado ao absurdo. Refiro-me a pensão vitalícia que filhas solteiras de militares recebem com o falecimento dos pais. Um casal de amigos estrangeiros achou a mamata digna de ser colocada no livro dos Records como a maior do mundo. Segundo um militar que conheci ao acaso e um defensor do privilégio, ele alegou que seu pai, também militar, foi designado para um quartel no Acre. Como ele tinha duas filhas solteiras em idade de casamento, ficou desesperado com a possibilidade de as moças ficarem solteiras, pois lá não havia chances de um bom casamento. Com a lei, ele ficou aliviado e pode dormir em paz. Lá segundo esse militar, só existiam índios e meu avô jamais admitiria o casamento das filhas com nativos. Como é rotina, posteriormente ele foi transferido para outra cidade bem mais desenvolvida, mas as meninas não queriam saber de casamento. Com o p...

POR QUE SE DUVIDA DAS URNAS ELETRÔNICAS

  POR QUE SE DUVIDA DAS URNAS ELETRÔNICA?   Ao acompanhar as eleições para presidente e congresso dos EUA com o seu complexo sistema de votação e de apuração, dá um sabor de superioridade do nosso sistema em que no mesmo dia da votação, os vencedores são proclamados e os adversários vencidos aceitam a derrota. Uma das razões pelas quais eu acredito em nosso sistema é porque o Bolsonaro não acredita. Se ele e seus seguidores não acreditam em algo, deve ser bom porque a inteligência desse pessoal tem sérios problemas de processamento.   Outra razão muito forte é que acredito na ciência e nos recursos tecnológicos. Uma lógica muito simples, é que os resultados das pesquisas são confirmados dentro da margem de erro, pelas urnas. Como em geral as urnas confirmam as tendências observadas pelas pesquisas, alguns desses negacionistas chegam a afirmar que há uma combinação entre os institutos de pesquisa e as urnas eletrônicas, coisa só cabível em mentes ignaras, pois seria ...

PRESIDENTES E AS PIADA

  OS PRESIDENTES E AS PIADAS Os mais velhos devem se lembrar das piadas sobre o velho general que foi presidente do país entre 1966 e 1968. As piadas eram antigas, mas eram adaptadas para gozar o segundo governo militar após o Golpe de 1964. Em verdade, ninguém escapa das piadas, adaptadas ou não, quando se ocupa um cargo político dessa importância.   Castello Branco, o primeiro general presidente era um homem que tinha alguma cultura, frequentava teatro e lia bastante, mas piadas se referiam mais ao seu aspecto físico. No caso das anedotas sobre o Geisel, essas versavam mais sobre a sua sisudez e se brincava com sua condição de filho de pastor luterano alemão, mas por malícia, se omitia o luterano.   O último general presidente, o Figueiredo, assumia que preferia os cavalos (era da Cavalaria) ao povo. Daí, tome lá piadas sobre cavalgadura.   Costa e Silva não era mesmo um homem culto, apesar de ter chegado ao mais alto grau da hierarquia militar.   Era um...