Design inteligente é um conceito que tenta se contrapor à Teoria da Evolução formulada por Charles Darwin no século XIX, argumentando que houve sim uma evolução, mas orientada por um criador do universo que já tinha em mente como seriam os seres vivos na Terra. Essa visão não tem base científica, pois admite, a priori, que tudo se deu pela vontade expressa de um possível criador do universo. Ao contrário, a Evolução se torna uma teoria a partir das comprovações empíricas de Darwin que observou mudanças em algumas espécies em função das necessidades da adaptação e seleção natural.
O assunto vem à tona em razão de um congresso “científico” organizado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul em que um químico defende de forma apaixonada o Design Inteligente, tentando desconstruir a Teoria da Evolução de Darwin que é aceita pela maioria dos pesquisadores.
Essa expressão surgiu após a Suprema Corte dos USA considerar o criacionismo uma visão religiosa, sem nenhuma base científica. Assim, para se contrapor à Teoria da Evolução, passou-se a utilizar o Design Inteligente para dar uma aparência científica à visão criacionista e justificá-la por outros caminhos. Até o Vaticano admitiu o Design Inteligente, abandonando o criacionismo puro, em que num determinado momento um ser supremo criou todas as espécies, incluindo o ser humano.
Mesmo assim, alguns estados norte-americanos ainda proíbem o ensino da Teoria da Evolução nas escolas, obrigando-as a utilizar o criacionismo como a única verdade existente. É bom que fique claro que “teoria” não é uma ideia defendida sem nenhuma comprovação, pois Darwin utilizou metodologia científica para estudar o processo evolutivo. Ao contrário, o Design Inteligente é uma hipótese sem comprovação, baseado unicamente em crenças religiosas.
Charles Darwin foi um homem corajoso, que no século XIX publica os resultados de sua pesquisa que vai revolucionar tudo o que se pensava até então sobre a origem da vida na Terra. A suas conclusões dão um salto monumental na Biologia, mudando radicalmente as concepções até então vistas como únicas e verdadeiras. Darwin ao publicar a Origem das Espécies, quebra um paradigma, criando um vazio imenso, pois é muito difícil as pessoas abandonarem uma base aceita há milênios por toda a sociedade por outra diametralmente oposta. Além do que, o criacionismo é fundamentado numa base puramente religiosa, ou seja, o livro sagrado do povo judeu, o Antigo Testamento. A Teoria da Evolução vem também dar suporte à Antropologia física que a partir da descoberta de fósseis começa a desvendar o processo de evolução da espécie humana a partir de hominídeas.
Tudo é muito estranho em nossos dias, pois existe até um movimento que tenta argumentar que a Terra é plana, contrariando o que é considerado como óbvio, tal a evidência. As viagens espaciais, os satélites, as estações na órbita da Terra, as viagens aéreas etc. tornam essa visão um contra senso para não dizer ridícula. Com relação à Teoria da Evolução, a sua aceitação se torna bem mais complexa, pois a evolução dos seres vivos ocorre em milhões de anos e em nossa curta existência é impossível constatá-la in loco. Além disso, as grandes religiões como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo procuram por todos os meios criar a ideia de que tudo que existe no universo foi o resultado da vontade unilateral de um ser supremo. Pensar diferente disso, é visto como negar a existência de Deus, tornando-se um pecado irreparável e sujeito a punição.
Num dia desses visitava um sebo para passar o tempo, quando, surpreso, vi o livro Comunicação Visual e Expressão, do professor José de Arruda Penteado. Comprei o exemplar e pus-me a recordar os tempos de faculdade em que ele era professor e nosso mentor intelectual. Era uma figura ímpar, com seu vozeirão impostado e uma fina ironia. Rapidamente estreitamos contato e nas sextas-feiras saíamos em turma para tomar vinho e conversar. Era um dos poucos professores em que era possível criticar, sem medo, a ditadura militar. Penteado era um educador, profissão que abraçara com convicção e paixão. Seu ídolo e mestre foi o grande pedagogo Anísio Teixeira, que ele enaltecia com freqüência em nossos encontros semanais. Defendia um modelo de educação voltado para uma prática socialista e democrática, coisa rara naqueles tempos. Depois disso, soube que estava coordenando o curso de mestrado em Artes Visuais da Unesp e ficamos de fazer contato com o ilustre e inesquecível mestre. Mas o t...
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