FESTANÇA JULINA,
Festa junina é tudo de bom. Tem
quentão, vinho quente, pinhão, batata doce, cuscuz e outras iguarias. Mas o que
a gente vê por aí são festas artificiais, sem aquela graça da cultura caipira
que os paulistas trouxeram do interior profundo para as cidades e assim
resgatando a memória dos tempos de roça, de pomar, de gado pastando no atalho,
da seriema correndo pela invernada, do jequitibá do lado da porteira, da pesca
de anzol no riacho, do milho verde assado, do fogão a lenha, da galinha de
angola e outras coisas que estão desaparecendo com o progresso.
No último fim de semana o bom e
velho amigo Sinézio Dozzi Tezza e a Ana Amélia resolveram abrir a casa nos
arredores da Paulistânia para uma festa julina (porque foi no dia 2 de julho) a
rigor, com todos os quitutes que se tem direito. E para deixar todo mundo com
inveja, convidou dois bons violeiros e cantadores para alegrar a moçada e a
vechiaria. Quem é que ouve hoje em dia canções como Romaria de Renato Teixeira
ou Cafezal em Flor do saudoso Luiz Carlos Paraná? E as modas caipiras de raiz?
Tonico e Tinoco, Raul Torres, Belmonte e Amaraí estavam lá alegrando os
corações. Ainda por cima contamos com a presença do Saulo de Tarso, o maior do
Brasil, com seu vozeirão fazendo bonito com a patroa, dona Silvia, cantando em
dueto na beira da fogueira. Vi gente com lágrimas escorrendo pelos rostos na
penumbra da noite. E não era para menos, pois quem não se emociona com tanta
coisa boa.
E por falar em saudades... é bom
lembrar as nossas festas juninas que durante quinze anos mobilizou a nossa
turma. Um mês antes nos mobilizávamos para organizar a festa. Um grupo cuidava
das músicas, pois o festival de canções juninas era o ponto alto e porque não
dizer o mais importante. Tinham também os balões, ambientalmente incorretos,
mas fazia parte da tradição e da transgressão. Com o tempo a gente vai
percebendo que os balões, apesar de bonitos e emocionantes, representam um
perigo pelo risco de incêndio urbanos, em florestas ou nos campos. Mas tudo ali
valia a pena, mesmo quando as almas ainda eram pequenas.
E ainda falando em saudades, não
dá para esquecer da figura imponente do grande Erasmo Luiz Carlos imitando
Miguel Aceves Mejia, introduzindo um pouco da cultura mexicana nos festejos
brasileiros. Ele já partiu, mas sua presença continuará eterna em nossas
recordações.
A vista da represa no fundo
quintal foi algo a parte com o sol se ponto em meio às palmeiras e arvoredos
com tudo que a imaginação poética pode trazer. Além disso, com o carinho e
simpatia do casal e dos filhos que sabem receber com simpatia e generosidade.
Obrigado Sinésio, Ana, Thais e
Paulinho pelos bons momentos que passamos juntos aquecidos pelo calor da
fogueira e das belas e inesquecíveis canções. Vamos juntos porque o tempo não
para.
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