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MARIA DOMITILA, A NOSSA ANNA BOLENA. Quando li o romance histórico A marquesa de Santos com quinze ou dezesseis anos, fiquei espantado com o nosso primeiro imperador.  No dia da Independência despachou o seu ajudante de ordens para marcar um encontro com a Maria Domitila, uma bela moça separada do marido e pertencente a uma tradicional família paulista. Ficou apaixonado e sempre que podia, arranjava uma desculpa para vir até a pauliceia para rever a amante. Como a viagem a cavalo do Rio a São Paulo levava quase uma semana, resolveu levá-la para a corte com toda a família. Para isso adquiriu a chácara dos Porcos, que ficava a uma hora da residência imperial. Não demorou muito para Dom Pedro colocá-la como dama de companhia da imperatriz Leopoldina, que sem dúvida deve ter ficado p. da vida. Em seguida o pai, o Coronel João de Castro Canto e Mello virou barão, dando status de nobreza a toda a família. Ela também foi agraciada com o título de Baronesa de Santos de depois...
PARA QUE UM ESTADO TÃO GRANDE? A história da chapeuzinho vermelho ao perguntar para o lobo mau que estava deitado na cama da sua avó, disfarçado: “Para que uma boca tão grande vovó?”. O resto da fábula todos conhecem.  Da mesma forma os brasileiros perguntam ao nosso Leviatã (Estado brasileiro): Para que tanto dinheiro se não recebemos nada em troca? O Estado brasileiro abocanha tudo que for possível e até o impossível para sustentar sua imensa teia de privilégios, mal gastos e incompetências. Numa contabilidade prática, boa parte dos brasileiros trabalha até maio para pagar os impostos. Daí em diante tem o direito de gastar o que sobrar para alimentação, habitação, segurança, educação, saúde, investimento, etc. Segurança, Educação e Saúde deveriam, em tese, ser obrigação do Estado, mas diante da precariedade desses serviços públicos, a classe média é obrigada a colocar seus filhos em escolas particulares, pagar planos de saúde e pagar seguros residenciais e para veículos, ca...
SOCIETÁ ITALIANA DI BENEFICENZA Havia em casa uma medalha de bronze com a inscrição: “Societá Italiana di Beneficenza - 1898” que minha mãe conservava em sua caixinha de segredos. Ela dizia que era do seu pai, mas ela mesma não sabia como e nem por que estava em suas coisas quando ele faleceu. Como não havia conversado em vida com ele sobre a medalha, ficou sem saber a sua origem. Sabia que meu avô era um farmacêutico prático, que criava comprimidos fitoterápicos para curar doenças. Não sei se tais comprimidos faziam  algum efeito, mas com eles ele ganhava a vida e podia comprar seus livros, jornais e assinar uma revista espanhola. Filho de pai abastado, na infância ele estudou com um preceptor (professor particular) que lhe ensinou as primeiras letras, depois Latim e espanhol, mas nunca frequentou escolas. Lia tudo que lhe caia nas mãos e era uma pessoa muito bem informada nos confins do interior paulista. Soube da televisão muito antes da tecnologia chegar por aqui, mas o...
SE PARAR O BICHO PEGA, SE CORRER O BICHO COME O país está realmente numa sinuca de bico.  O governo provisório está cada vez mais enrolado com ministros sendo denunciados por envolvimento em corrupção, delações premiadas, gravações secretas etc e tal. A oposição, que antes era governo está também num lodaçal. Se derrubarem o Temer vai assumir o atual presidente da câmara, o tal de Maranhão, pois legalmente é o primeiro na linha sucessória. Ele está todo enrolado com denúncias de propinas, funcionário fantasma da universidade do Maranhão, sem contar o filho que trabalha em São Paulo e recebe um salário no TC do Maranhão. Bom, se conseguirem uma liminar que o retire da linha sucessória, temos o seguinte que é um sujeito porreta que pagava uma pensão duas vezes superior ao seu salário de senador para sua amante. Como ninguém acreditou, inventou uns bois voadores de sua fazenda e os vendeu a peso de ouro. Além de tudo isso, ainda está sendo investigado pela operação lava-jato. ...
UM AMIGO ALEMÃO Meu amigo alemão não é alemão e nem fala a língua de Goethe, mas era assim que o chamávamos, pois seu pai era alemão, mas a mãe era brasileira de origem italiana. O pai,  seu Walter, contava ele, chegou da Alemanha nos anos quarenta pelo Rio de Janeiro. Sem dinheiro, sem falar português, acabou morando em uma favela e passou uma semana comendo bananas, a única coisa que dava para comprar com seus parcos recursos. Depois acabou vindo para São Caetano do Sul, onde se estabeleceu com uma serralheria e se casou. A mulher morreu cedo vitimada por um câncer, deixando o seu Walter com três filhos para criar. Seu Walter acabou morando perto de minha casa e seu filho mais jovem, Edson Broesdorf e foi no retorno do colégio que acabamos nos conhecendo. Foi na casa dele que experimentei, pela primeira e felizmente última vez, um chucrute alemão preparado pelo seu pai. Tempos depois nos envolvemos no movimento estudantil com outros colegas do ABC. Frequentávamos uma igre...
PASÁRGADA: VELHOS AMIGOS, VELHAS LEMBRANÇAS O poema “Vou-me embora para Pasárgada” é quase uma canção de exílio, pois lá sou amigo do rei e tem tudo, é outra civilização... Assim, quando estou triste, triste de não ter jeito, dou uma escapadinha e vou para lá esquecer e, também, para lembrar. E nesse último domingo, fomos todos, mulher, filha, genro e neto para essa civilização imaginária onde tudo é permitido, nada é pecado ou engorda. Fica pertinho daqui, logo ali depois de Embu das Artes e fomos guiados pela Celinha que conhece todos os caminhos que levam à Pasárgada, lembrando os desvios e atalhos por onde o tempo traça seus roteiros. Lá encontramos os queridos amigos José Geraldo Rocha, a Valnice Vieira, a Bola, a Amaranta, a Janaina, o Ricardo, o Gabriel e a menina Cecilia. Essa família maravilhosa que vive do e no teatro, sempre encenando mundos fantásticos, cheios de emoções e atravessam o tempo declamando poesias e histórias da carochinha. Lá tem tudo e até pés de ...
O PRAZER DE FUMAR Por volta dos quatorze anos experimentei o primeiro cigarro por influência de um amigo de infância e adolescência, um alemão de origem polonesa  chamado Bogdan Warzocha. Na opinião dele homem para ser homem precisava fumar e beber. O cigarro foi para mim uma tortura, pois não conseguia sentir prazer em fumar, pois me deixava um gosto horrível na boca. Tragar então, além de ser difícil, me deixava tonto e com dor de cabeça. Assim, disfarçava com o cigarro entre os dedos e dava algumas baforadas para impressionar os colegas e quem sabe as garotas. Com a bebida a experiência foi parecida. Também levado pelo mesmo Bogdan tentei beber rum, vodca e cachaça sem sucesso. Num ano novo ele passou em casa para fazermos uma via sacra, bebendo em todos os bares que encontrássemos. Conseguir beber até no segundo, enquanto ele bebeu em pelo menos em meia dúzia de bares alternando doses de vodca, gim e rum. Fiquei enjoado e abominei a experiência. Acho que a minha dificul...