Pular para o conteúdo principal

PROSTATA CANTADA EM PROSA E VERSO

O homem que ainda não teve problemas com a próstata, não perde por esperar. Um dia ela se manifesta e pode ser de forma benigna ou maligna. Na maioria das vezes é benigna, com o aumento do tamanho que pode afetar a passagem da urina pelo ureter. Daí as noites mal dormidas que faz as pessoas levantarem várias vezes para esvaziar a bexiga. Para esse caso, tem solução se o sujeito tiver um bom plano de saúde. Quando é maligna, a coisa é mais complicada, exigindo a retirada do órgão e é bom torcer para o câncer não ter se espalhado para outros órgãos. Essa forma mais agressiva é mais rara, mas é bom não se descuidar, pois estatisticamente, com 100 anos de idade, temos cem por cento de chance de ter um câncer no órgão, como também a mulher ter um tumor no útero. Tive um amigo, que mesmo com a forma benigna, não se cuidou. Ele levantava de meia e meia hora para se aliviar, dia e noite. Com o tempo a bexiga perde a elasticidade e o indivíduo não consegue mais esvaziá-la totalmente, o que pode criar condições para infecções graves. Foi isso que o levou mais cedo para a terra do nunca. Esse pequeno órgão é o calcanhar de Aquiles do sexo masculino. Antigamente se acreditava que retirada a próstata, adeus vida sexual, o que nem sempre é verdade. Os exames preventivos podem controlar o problema, mas há muito preconceito e muitas anedotas sobre esse exame. Meu dentista, contou-me que um amigo dele depois dos exames, enviava flores para o médico para deixá-lo desconfortável. A secretária e os pacientes da sala de espera davam risadinhas maliciosas. Apesar das campanhas de saúde, ainda existem muitos homens que se recusam a fazer o exame de toque. “Eu morro, mas não faço”, disse um vizinho há alguns anos. Coitado, apareceu recentemente um tumor e precisou fazer uma cirurgia de emergência. Quarenta anos, dizia um velho mestre, é o prazo de validade para o ser humano. A partir daí começam a surgir vários problemas, incluindo a perda da visão com a presbiopia. Por isso a expectativa de vida até o século XIX e começo do século XX, era nessa faixa etária. E para confirmar isso, aos quarenta comecei a sentir problemas. Fui ao médico que me encaminhou para uma ultrassonografia do órgão. A próstata estava um pouco aumentada e não indicava malignidade, mesmo assim, tive de me submeter ao “temível” exame, que é a forma mais eficiente de diagnosticar com precisão a natureza do inchaço. Felizmente era só o aumento normal do órgão que ocorre em quase cem por cento dos homens, mas nem todos os casos geram problemas mais sérios. Para evitar a interrupção do sono, evitava tomar líquidos depois das seis horas, além de tomar uns medicamentos paliativos. Enfim, depois de adiar por um bom tempo, fiz um procedimento de raspagem do canal urinário, que resolveu o problema da obstrução, sem retirar a próstata. E para encerrar essa conversa chata da terceira idade, as últimas que ouvi sobre o toque retal: Um senhor foi muito a contragosto fazer o tal procedimento e em seguida o médico lhe perguntou se estava sentindo alguma coisa. Ele respondeu constrangido: “Sinto que te amo doutor”. A outra foi o caso de um senhor que foi fazer o exame e o médico, para deixá-lo à vontade, colocou uma música bem suave. Alguns segundos depois, o senhor disse para o médico: “Não daria para colocar a Nona sinfonia?” E tem muitas outras circulando por aí.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FLORAS E FLORADAS

Você conhece alguma Flora? Eu conheci uma, mas não tenho boas lembranças. Ela morava no interior de São Paulo, na pequena Lavínia, minha terra natal. Era a costureira da minha prima e madrinha. Eu ainda era muito criança, mas ainda tenho uma visão clara de sua casa isolada, que ficava no final de uma estrada de terra, ao lado de um velho jequitibá. Era uma construção quadrada, pintada de amarelo e com muitas janelas. Pela minha memória, que pode ser falha, não me lembro de flores em seu quintal. Será que a Dona Flora não gostava de flores? Fui algumas vezes lá com a minha prima, para fazer algumas roupas, numa época em que passei alguns meses em sua companhia. Dona Flora era uma mulher madura e muito séria, que me espetava com o alfinete sempre que fazia a prova das roupas que costurava para mim. Foram poucas vezes, mas o suficiente para deixar uma lembrança amarga da costureira e do seu nome. Mas hoje Flora me lembra a primavera que está chegando e esbanjando cores apesar da chuva

JOSÉ DE ARRUDA PENTEADO, UM EDUCADOR

Num dia desses  visitava um sebo para passar o tempo, quando, surpreso, vi o livro Comunicação Visual e Expressão, do professor José de Arruda Penteado. Comprei o exemplar e pus-me a recordar os tempos de faculdade em que ele era professor e nosso mentor intelectual. Era uma figura ímpar, com seu vozeirão impostado e uma fina ironia. Rapidamente estreitamos contato e nas sextas-feiras saíamos em turma para tomar vinho e conversar. Era um dos poucos professores em que era possível criticar, sem medo, a ditadura militar. Penteado era um educador, profissão que abraçara com convicção e paixão. Seu ídolo e mestre foi o grande pedagogo Anísio Teixeira, que ele enaltecia com freqüência em nossos encontros semanais. Defendia um modelo de educação voltado para uma prática socialista e democrática, coisa rara naqueles tempos. Depois disso, soube que estava coordenando o curso de mestrado em Artes Visuais da Unesp e ficamos de fazer contato com o ilustre e inesquecível mestre. Mas o tempo
O DESAPARECIMENTO DE SULAMITA SCAQUETTI PINTO E já se foram sete anos que a Sulamita Scaquetti Pinto desapareceu. Não se sabe se ela estava triste, se estava alegre ou simplesmente estava sensível como diria Cecilia Meirelles.  Ia buscar o filho na escola e foi levada por outros caminhos até hoje desconhecidos. Ninguém sabe se perdeu o rumo, a memória, razão ou a vida. Simplesmente, a moça bonita, de belos olhos azuis nunca mais foi vista.          Os pais, os amigos e os parentes saíram pelas ruas perguntando a quem passava, mostrando a fotografia, mas ninguém viu. Alguns diziam que viram, mas não viram ou apenas acharam que era ela, mas não era. Participamos dessas desventuras quando tiveram notícias de que uma moça com a descrição da Sula havia aparecido num bairro distante. Era triste ver os pais desesperados por uma notícia da filha, com uma fotografia na mão, lembrando da tatuagem nas costas, dos cabelos loiros, dos olhos azuis, mas como de outras vezes, voltaram de mã