O nazismo foi sem dúvida um dos maiores crimes contra a humanidade. Imbuídos da ideia de que os arianos seriam uma raça superior as demais, os nazistas prenderam, torturaram e mataram como se mata gado em matadouros, milhões de adultos, jovens e crianças, principalmente judeus. Nunca é demais lembrar que foram eliminados também ciganos, homossexuais e pessoas portadoras de deficiências. Para os nazistas não importava se o indivíduo era louro de olhos azuis ou tivesse os cabelos escuros. A ascendência judaica era como uma marca. Mesmo para aqueles que abandonaram o credo hebraico, o ódio sanguinário era implacável. A perseguição antissemita deixou de ser apenas religiosa como ocorria desde 1200, quando os primeiros judeus se estabeleceram no vale do Reno. O ódio contra o outro, o diferente, pois os judeus eram minoria e a maioria cristã, impunha que todos deveriam ter a crença dominante. Era a hegemonia do cristianismo sobre todas as outras formas de crença religiosa. Os diferentes deveriam ser excluídos ou no máximo tolerados como párias. Em vários países europeus não era permitido aos judeus a posse de terras, razão pela qual somente o comércio e outras atividades urbanas foram suas únicas atividades econômicas.
O ódio aos judeus é antigo no Ocidente e não foi apenas na Alemanha. Em toda Europa sempre foi cultivado o ódio àqueles que professavam uma religiosidade diferente da predominante. Com a Diáspora, eles se espalharam pelo mundo em busca de sobrevivência, mas sempre preservando a sua religião e cultura. Mesmo Cristo tendo sido um judeu, ele foi nunca foi visto como um deles. Criou-se a versão, reforçada pela Igreja, de que os judeus foram os culpados pela condenação de Cristo e isso era imperdoável para os seus seguidores.
Serem escolhidos como “bodes expiatórios” dos problemas alemães no pós-guerra, foi uma tarefa fácil, pois a intolerância contra eles já era secular. Quando foram iniciadas as perseguições, houve protestos da comunidade internacional, Hitler então embarcou 700 judeus em um navio para que procurassem um país para se estabelecerem. Na Europa e na América os ocupantes foram rejeitados e o navio retornou à Alemanha. Hitler rejubilou-se com isso como uma senha para o holocausto. Com exceção dos países neutros, nos demais houve colaboração com os nazistas para a prisão e envio de judeus para os campos de concentração. A França ocupada colaborou com o envio de 120 crianças judaicas para os campos de concentração. Na Itália, pais parte do Eixo, não foi diferente. Não foi coincidência o governo Getúlio Vargas ter enviado para a Alemanha, a mulher grávida do líder comunista preso Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, uma alemã de origem judaica. Na época, o chefe de polícia era um notório nazista.
Há um silêncio quando se trata da inquisição, criada pela Santa Madre Igreja, que perseguiu judeus durante três séculos, levando milhares deles às eliminações físicas nos “progroms”, nas tenebrosas masmorras e nas fogueiras da inquisição. Cerca de 120.000 judeus fugiram das perseguições na Espanha e se estabeleceram em Portugal, mas foi por pouco tempo. Pressionado pela Igreja, o Rei D. Manuel também assina o édito de expulsão, com prazo de dez meses sob pena de morte e confisco dos bens. Como era quase impossível sair, milhares de judeus foram queimados nas fogueiras e seus bens expropriados e os filhos menores de 14 anos dos convertidos à força ao catolicismo e foram distribuídos pelas aldeias para serem adotados por famílias católicas. Os requintes de crueldade não eram mais suaves do que as práticas nazistas. Acesa a fogueira o judeu que se arrependesse de sua fé, tinha a morte por misericórdia, com uma espada fincada no peito. A inquisição esteve também no Brasil onde muitos judeus de origem portuguesa aqui se estabeleceram e em nossa história há vários eventos da passagem da diabólica perseguição. O poder da Inquisição em Portugal e Espanha se sobrepunha aos governos dos estados nacionais, que eram praticamente reféns do totalitarismo religioso.
É triste e lamentável que hoje, mentes insanas usem os meios de comunicação para defender ideias insanas como o nazismo e o fascismo sob o pretexto da liberdade de expressão. A liberdade de expressão é um marco civilizatório contra a barbárie e não para defender regimes racistas e sanguinários. O nazismo é a única ideologia que prega a superioridade racial e a institucionalização do racismo e do genocídio. Defender isso é crime e tal como o racismo, deveria ser inafiançável. Além disso, defender essas ideias no Brasil além de ser um crime, chega às raias do ridículo num país em que a mais de 50% da população é negra ou parda e talvez menos de 20% seja totalmente branca.
Num dia desses visitava um sebo para passar o tempo, quando, surpreso, vi o livro Comunicação Visual e Expressão, do professor José de Arruda Penteado. Comprei o exemplar e pus-me a recordar os tempos de faculdade em que ele era professor e nosso mentor intelectual. Era uma figura ímpar, com seu vozeirão impostado e uma fina ironia. Rapidamente estreitamos contato e nas sextas-feiras saíamos em turma para tomar vinho e conversar. Era um dos poucos professores em que era possível criticar, sem medo, a ditadura militar. Penteado era um educador, profissão que abraçara com convicção e paixão. Seu ídolo e mestre foi o grande pedagogo Anísio Teixeira, que ele enaltecia com freqüência em nossos encontros semanais. Defendia um modelo de educação voltado para uma prática socialista e democrática, coisa rara naqueles tempos. Depois disso, soube que estava coordenando o curso de mestrado em Artes Visuais da Unesp e ficamos de fazer contato com o ilustre e inesquecível mestre. Mas o t...
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