Uma mãe bem diferente
De Giselle Larizzatti Agazzi
Escrever uma
história com base na própria história foi um grande desafio para Giselle
Agazzi. É uma história da história em que a dor está presente, mas escrever é
um processo catártico, que alivia a alma e coloca compressas suaves nas
feridas.
A mãe da
história da Giselle é uma mãe especial, diferente, que representa o lado triste
da diversidade humana. Uma mãe que às vezes se esquece dos filhos, pois não
consegue lidar com seus próprios fantasmas. É a mãe que metaforicamente está na terceira
margem do rio, tal como o personagem do conto de Guimarães Rosa, mas continua
sendo mãe em seus momentos de lucidez ou normalidade.
Em paralelo às
agruras da relação com a mãe, a menina Clara, protagonista da história, sofre bullyng
dos seus colegas por ter uma mãe fora dos padrões de normalidade social. Mas ao
mesmo tempo Clara não é clara e talvez seja escura, pois a mãe é negra. Assim,
ela precisa lidar com dois preconceitos ao mesmo tempo.
O livro é a
história de uma criança que tem uma mãe diferente, fora do eixo em que se
estrutura toda a sociedade, que é também a história da Giselle, com todos os
sofrimentos, preconceitos, exclusão, ausência de equilíbrio nas relações do
cotidiano familiar.
Enfim, esta
pequena história representa uma oportunidade para crianças e adultos entrarem
em contato com a diversidade humana do ponto de vista psicológico e mental, o
nosso lado mais sombrio e mais complexo.
Destaque para as
ilustrações de Flávia Marinho e Melissa Ferrauche, pela criatividade e
sensibilidade, dando ao livre a suavidade necessária.
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