Quem nunca viu um vagalume desconhece uma das coisas mais interessantes da natureza. Os vagalumes ou pirilampos, são insetos que produzem uma luz fluorescente verde na porção abdominal e que aparecem no início da noite nas regiões com plantas e árvores. É curioso como um bichinho de 1 a 3 centímetros consegue emitir luz. Essa luz é provocada por uma substância chamada de luciferase que oxidada pelo oxigênio, provoca a luminescência.
Em São Caetano do Sul ainda existia, na divisa com São Bernardo, próximo onde é hoje o cemitério e a Faculdade de Engenharia Mauá, um enorme matagal de onde vinham os vagalumes que invadiam as ruas próximas e os quintais. Isso acontecia no início da noite no verão, quando eles saem para o acasalamento. As fêmeas não voam e a luz é para atrai-las para o acasalamento. O que nunca entendi é como se as fêmeas não voam, como os machos são atraídos se ficam voando? Um mistério. Toda a garotada da rua saia para tentar capturar os bichinhos numa tentativa de preservar a sua pequena luz, colocando em vidros ou copos tampados. Imaginávamos que daria para manter a iluminação verde durante toda a noite. Eu adormecia nas noites de verão olhando as pequenas luzes verdes aprisionadas. No dia seguinte eles estavam mortos e mesmo vivos, deixavam de emitir luz, pois a luz tem um papel importante na procriação e presos, a luz perdia a sua função biológica.
Aquela luz era uma coisa mágica para as crianças. Alguns diziam que eles carregavam uma minúscula lanterna com um vidrinho verde. Por que acendiam? Ninguém sabia explicar. Os mais religiosos diziam se tratar de um mistério divino e ninguém sabia o segredo. Uma vizinha, bem velhinha dizia que eram os olhos de Deus vigiando as crianças que faziam maldade para as criaturas. Nem a professora do primário soube explicar como eles acendiam a pequena luz verde. Foi somente no ginásio que a professora de biologia explicou alguma coisa, mas nessa época quase não tinha mais vagalumes no meu bairro.
O mais interessante é que existem mais de 1900 tipos de vagalumes ou pirilampos pelo mundo, também conhecidos como lampirídeos. É um bichinho luminoso que todas as crianças do planeta compartilham desde que morem no campo ou regiões próximas. Quem vive nas grandes cidades não tem esse privilégio, pois os bichinhos precisam de árvores e plantas para procriarem. Infelizmente, com o desmatamento e a iluminação elétrica nas ruas, esse fabuloso inseto está desaparecendo para a tristeza das nossas crianças.
Num dia desses visitava um sebo para passar o tempo, quando, surpreso, vi o livro Comunicação Visual e Expressão, do professor José de Arruda Penteado. Comprei o exemplar e pus-me a recordar os tempos de faculdade em que ele era professor e nosso mentor intelectual. Era uma figura ímpar, com seu vozeirão impostado e uma fina ironia. Rapidamente estreitamos contato e nas sextas-feiras saíamos em turma para tomar vinho e conversar. Era um dos poucos professores em que era possível criticar, sem medo, a ditadura militar. Penteado era um educador, profissão que abraçara com convicção e paixão. Seu ídolo e mestre foi o grande pedagogo Anísio Teixeira, que ele enaltecia com freqüência em nossos encontros semanais. Defendia um modelo de educação voltado para uma prática socialista e democrática, coisa rara naqueles tempos. Depois disso, soube que estava coordenando o curso de mestrado em Artes Visuais da Unesp e ficamos de fazer contato com o ilustre e inesquecível mestre. Mas o t...
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