Ao poeta do povo, Carlos Drummond de Andrade.
Todos sabem que tu não eras do povo
O povo, esse desconhecido...
Era a tua poesia
Mas as preocupações do povo
Nunca foram os teus versos
Porque tu sabes, como “poeta do povo”
Que o povo não ama seus poetas
Nem a poesia.
Mas aqueles que o amaram
(Que não eram do povo)
Não se conformaram
Com a morte do poeta
E foram para as ruas do povo
Declamar teus poemas
Gritaram nos teatros, no rádio, na TV
Que eras um poeta do povo.
As crianças do povo
Acredite, te amariam
Mas os pais do povo
Não tem olhos para a poesia.
Mas minha filha ouve teus poemas
E sorri quando leio o verso:
“O vento brinca nos bigodes do construtor”
E confessa ter entendido tudo
Pois há poesia em tudo
Até onde não há vestígios de poesia.
Depois, cansada de ouvir versos
Adormece nos ombros da poesia.
Ela soube que o poeta morreu
Ou melhor, adormeceu
Para que o sempre o velasse
Não chorou, por que as crianças não choram
E os poetas não morrem
Eles partem...
Deixando rastros de poemas
Para a eternidade.
Agosto de 1987.
Todos sabem que tu não eras do povo
O povo, esse desconhecido...
Era a tua poesia
Mas as preocupações do povo
Nunca foram os teus versos
Porque tu sabes, como “poeta do povo”
Que o povo não ama seus poetas
Nem a poesia.
Mas aqueles que o amaram
(Que não eram do povo)
Não se conformaram
Com a morte do poeta
E foram para as ruas do povo
Declamar teus poemas
Gritaram nos teatros, no rádio, na TV
Que eras um poeta do povo.
As crianças do povo
Acredite, te amariam
Mas os pais do povo
Não tem olhos para a poesia.
Mas minha filha ouve teus poemas
E sorri quando leio o verso:
“O vento brinca nos bigodes do construtor”
E confessa ter entendido tudo
Pois há poesia em tudo
Até onde não há vestígios de poesia.
Depois, cansada de ouvir versos
Adormece nos ombros da poesia.
Ela soube que o poeta morreu
Ou melhor, adormeceu
Para que o sempre o velasse
Não chorou, por que as crianças não choram
E os poetas não morrem
Eles partem...
Deixando rastros de poemas
Para a eternidade.
Agosto de 1987.
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