A Odebrecht está trabalhando
ativamente para recuperar a sua imagem perante a sociedade brasileira e quem
está à frente deste trabalho é Marcos Lessa, diretor de marketing, que esteve
no Centro Universitário FEI para conversar com alunos e professores sobre esse
programa.
A empresa está mesmo dando a cara
para bater, assumindo a responsabilidade pelos erros cometidos no passado e
prometendo uma nova vida, reassumindo os valores e padrões de comportamento preconizados
pelo fundador, Norberto Odebrecht, em um manual de três volumes.
Infelizmente a condução agressiva
dos seus executivos para o desenvolvimento de suas atividades, gerou posturas incompatíveis
com os padrões básicos de responsabilidades corporativas no mundo dos negócios.
Em razão disso a organização acabou por
ser cooptada por um sistema político ávido de poder e recursos, ameaçando a sua
sobrevivência e gerou a destruição de mais de cem mil empregos.
A punição para os executivos que
tomaram decisões errôneas é justa e deve servir como exemplo para que isso não se
repita no futuro, mas a empresa, uma organização social construída há 70 anos
que acumulou know-how, tecnologias, inovações e capital intelectual não pode
continuar sendo punida indefinidamente.
O patrimônio de uma empresa não
pertence unicamente aos seus acionistas, mas também à sociedade através dos
seus diversos stakeholders. As
organizações tem uma função social relevante ao gerar produtos, serviços, impostos
e, principalmente, empregos e por essa razão deveríamos ter um sistema de
recuperação mais rápido para que elas possam retornar às suas atividades
produtivas, recontratar funcionários e continuar cumprindo seus papéis sociais.
Tive oportunidade de trabalhar
por um período de tempo num grupo em que a Odebrecht era acionista minoritária
e que assumiu a gestão do grupo em razão de conflitos entre os controladores e
o que presenciei na época (anos 1990) foi um sistema de gestão dinâmico e
eficiente dentro dos princípios mais contemporâneos de administração, com visão
estratégica dos negócios.
A tarefa do Marcos Lessa sem
dúvida alguma será árdua, pois o estrago provocado pelas relações promíscuas
entre os executivos da empresa e políticos corruptos criou raízes profundas na
sociedade e demandará um bom tempo para que a empresa recupere sua imagem
arranhada e recupere sua credibilidade junto à sociedade.
Mas os colaboradores da empresa,
como frisou Lessa, ainda acreditam nela e estão dispostos a trabalhar
intensamente para recuperar a imagem arranhada. Mesmo aqueles que tiveram de
sair, deixaram as portas abertas para retornar.
A depuração das relações
promíscuas entre empresas que prestavam serviços ao Estado pode ser um passo
importante para se construir um sistema de relações mais transparente e ético.
Difícil saber quem iniciou esse processo pernicioso, mas não há dúvidas de que
o nosso sistema político, com campanhas eleitorais até então financiadas por
organizações privadas que prestavam serviços às empresas públicas e de economia
mista é o principal ator que gerou o maior escândalo político, social e
econômico da sociedade brasileira.
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