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Mostrando postagens de setembro, 2009

ODETE BELLINGHAUSEN, A SENHORA DO PIANO

Aquela senhora tinha um piano, mas para que serve um piano? Diz um poema do Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Para mim que ao passar pela Rua João Pessoa e ouvia em meio ao barulho do trânsito o suave som de um piano, servia e muito para abrandar a aridez da cidade. Quem era a senhora do piano vim sabê-lo algum tempo depois. Era Odete Tavares Bellinghausen, a primeira professora de piano da cidade e em cujas mãos muitas crianças passaram para aprender as primeiras notas musicais. A cidade foi crescendo e a casa dela, que em tempos passados desfrutava um ar ainda bucólico, transformou-se em passagem obrigatória de carros e pedestres. O comércio foi se ampliando e com ele mais movimento. Mas dona Odete, continuou o seu cotidiano entre o grande jardim com seus caramanchões e o piano. Um dia atiraram uma pedra na sua janela, que quebrou a vidraça e caiu bem em cima do piano, um velho alemão de meia cauda. Uma ato de absurda agressão, sinal de tempos difíceis. Aquilo poder

AS FLORES DO IPÊ

Da minha janela avisto em uma rua paralela os seus exuberantes ipês amarelos que impõem um colorido especial para a paisagem do bairro. Lembro-me ainda da professora do primário explicando que as flores são folhas modificadas e o ipê altera todas as suas folhas, transformando-as em um amarelo vivo que chega a arder os olhos de tão intenso. O Ipê amarelo ou Tabebuia chrysotricha, é nativo da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira e é cultivado em todo o país pela sua beleza singular, mesmo que efêmera. Sem dúvida ele é privilegiado pela natureza e se transformou na árvore símbolo do Brasil. Mas é um privilégio que dura pouco tempo e as árvores estarão sem flores e sem folhas até o final do inverno, hibernando como um esqueleto sem vida para de novo desabrochar no verão com a verdura de suas folhas. Há tempos invejo os vizinhos que tem o privilégio de recolher diariamente, durante o inverno, o lençol de flores amarelas que se espalham pela calçada. Para tentar não morrer de inveja,