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O ROUBO DO BARÃO Deu nos jornais que um homem modesto havia roubado um pedaço de carne e por isso foi parar atrás das grades. Ele alegou ao seu doutor, que pegou a carne por necessidade, pois o filho estava faminto. A história sensibilizou até os policiais que fizeram uma coleta para comprar-lhe alguns mantimentos. Roubar para saciar a fome de si ou de outrem não seria crime se seguirmos o adágio popular, mas para a lei, roubo é roubo e não adianta chiar.  Tirar algo de alguém sem autorização é crime e para um juiz que segue a lei com rigor, é o enquadramento no código 171. Mas existe outro adágio popular em nossa Pindorama , que diz que “roubar pouco é ladrão, e roubar muito é barão”, que felizmente parece estar perdendo a validade, pois muitos barões estão vendo o sol nascer quadrado. Mesmo assim, não são chamados de ladrões ou larápios, mas empresários ou executivos corruptos, pois ladrão é considerada uma expressão pesada demais para os chamados colarinhos brancos....
A HISTÓRIA DE VIDA DE CLORY FAGUNDES MARQUES, CARINHOSAMENTE CHAMADA DE MAMÃE CLORY Edson Zeca da Silva ficou surpreso ao ser convidado por uma instituição alemã, através de uma velha amiga, para fazer a biografia de Clory Fagundes de Marques, mais conhecida por Mamãe Clory, a fundadora da Associação Cristã verdade e Luz que ampara criança e idosos em São Bernardo do Campo. Até então não sabia exatamente quem era a Mamãe Clory, sua história, seu trabalho em prol dos necessitados. Como não é de recusar desafios, aceitou a empreitada filantrópica com a condição de que não haveria interferências no seu trabalho. Contaria a história de vida de Dona Clory de acordo com os depoimentos da biografada e relatos de pessoas da família e amigos.  Graduado em Ciências Sociais e apesar de não ter exercido nenhuma atividade específica no campo das ciências humanas, conservou algumas características de sua formação e trabalhou procurando situar a vida da biografada no contexto histórico e ...
RELEMBRANDO OS TEMPOS DE COLÉGIO OU A PARTIDA DA MARCIA EDWIGES DE OLIVEIRA. Passados longos anos, já beirando a aposentadoria, às vezes dá vontade de saber por onde anda aquela turma do colegial, uma fase gostosa da vida em que estávamos todos querendo descobrir e consertar o mundo. Era muita alegria, descompromisso com o futuro ou com o presente. Por Essas e outras, num dia desse outono que começa a dar as caras, resolvi dar uma espiada nas redes sociais para ver se encontrava alguém. E os nomes? Muitas mulheres mudam de nome quando casam e muitos não estão sintonizados com a tecnologia da informação. Lembrei-me de alguns e comecei a pesquisar. Qual o quê! Encontrei uma que era uma garota deslumbrante, inteligente culta e que gostava das mesmas músicas e mesmos autores que eu ouvia e lia. Cheguei até pensar que poderia rolar alguma coisa, mas ficou apenas na amizade. Depois descobri que ela não tinha nada a ver comigo. Éramos pessoas muito diferentes.  Encontrei, também, du...
A OLIVEIRA DO CEILÃO Cansado dos negócios da carne no seu sentido literal, quando via diariamente cadáveres de bois, porcos e galinhas, um velho amigo dos tempos idos resolveu partir para a vida bucólica do campo. Passou nos cobres a sua rede de açougues, que apesar de bastante rentável, dava muito, muito trabalho, pois não tinha fim de semana ou feriado para o merecido lazer. Todo dia é dia de carne na mesa das pessoas.                Perambulando pelo interior viu muitas propriedades, algumas maravilhosas, mas que não cabiam em seu bolso. Até que um dia descobriu em Pinhalzinho, perto de Bragança, um bucólico sítio, com boa nascente e boa terra. Era uma antiga fazenda de café, com o seu velho terreiro sustentado por uma muralha de pedra cujas origens remontam os tempos da escravidão. Lá encontrou até uma pequena senzala, onde o primeiro proprietário mantinha sua escravaria. O velho casarão ele decidiu demo...
BEATRIZ Ela era uma atriz e bailarina e dançava nos sonhos do jovem rapaz. Ele dormia e acordava pensando nela, imaginando onde ela estaria. Em que palco dançava e representava para as multidões que a aplaudiam. Em seus devaneios ele via a atriz dançando só para ele, movimentando seu corpo como um pássaro no ar. As asas que ela não tinha, flutuavam como leves plumas ao sabor do vento. Não sabia onde ela morava, mas imaginava que fosse num enorme arranha céu e de lá descia todas as manhãs como um pássaro e pousava na calçada com a ponta dos pés. E todas os passantes abriam caminho para que ela seguisse voando em direção ao palco. Mas a vida da atriz e bailarina Beatriz era diferente dos sonhos do jovem apaixonado. Ela morava sozinha num quarto de pensão e às vezes nem tinha o que comer, pois seu pagamento atrasava por semanas. Chegava exausta, tarde da noite e deitava-se faminta numa cama imunda e fria. Encolhia-se como feto no útero para suportar o frio da madrugada paulista....
O CHAMADO DE ABRAÃO Abrão era jornalista e por muitos e muitos anos trabalhou na grande imprensa fazendo reportagens nas mais diversas áreas. Era até bem sucedido na sua profissão, mas não havia atingido o auge da carreira para alguém com mais de quarenta anos. Prevendo dias piores, fez um curso de pós-graduação em gestão para eventualmente ter o seu próprio negócio caso perdesse o emprego. A família de  Abrão era tradicional e pertencia a antigos troncos paulistas, cujas origens remontavam os primeiros tempos coloniais.             Sua vida amorosa estava caminhando, pois tinha um velho relacionamento com uma professora que já se estendia por mais de dez anos. Em verdade parecia mais uma relação de amizade do que um caso amoroso, mas convenhamos que o nosso personagem não estava muito apaixonado e queria mesmo era uma companheira inteligente para passar o resto dos seus dias. Sarah era professora, uma pessoa independ...
O CASAMENTO A família de Maria, apelidada por Mariquinha desde criança, mudou de cidade por causa da transferência do pai, que era professor primário. A vida era bastante difícil para uma família grande e a mãe contribuía para o orçamento doméstico dedicando-se à costura. Mariquinha, então com dezesseis anos, já ajudava a mãe nas costuras e também fazia as entregas de encomendas. Numa dessas entregas conheceu Epaminondas, filho de uma antiga família local, que outrora esteve muito bem financeiramente, mas vivia das glórias do passado. O moço não gostava de trabalho e os vários empregos que o pai lhe arranjara, acabava abandonando-os alegando, ora que o salário era pouco, ora que o serviço era por demais pesado. Trabalho com hora para chegar e para sair não fazia parte da vocação deste bom vivant. Mas ao conhecer Mariquinha começou a pensar em constituir uma família, pois já estava passando da idade. Assim insistiu com o pai que pedisse aos pais de Mariquinha a sua mão em casame...